No Maranhão, mulheres protestam contra o agronegócio

Diversas organizações de mulheres do campo e da cidade se unificam no Maranhão para lutar contra a expansão do agronegócio e contra a presença do presidente estadunidense George W. Bush no Brasil. Elas também reivindicam políticas públicas específicas para as mulheres, nas áreas de saúde, educação e segurança, entre os quais a execução da Lei Maria da Penha*.

Mais de 500 pessoas protestam em frente ao Palácio dos Leões (governo estadual). Elas aguardam uma audiência com o governador Jacson Lago (PDT). As mulheres pretendem entregar ao chefe do executivo estadual uma carta contendo as reivindicações dos movimentos. Ao final do ato elas vão queimar o boneco do presidente George Bush.

“No nosso estado o agronegócio está avançando bruscamente. Hoje a maior parte das lavouras é de eucalipto, soja e cana-de-açúcar. A presença de Bush no nosso país tem um valor simbólico muito grande, já que ele é o grande representante do neoliberalismo. Queimar o boneco dele significa que estamos contra a tudo que ele representa, inclusive, o agronegócio”, afirmou Maria Divina Lopes, dirigente estadual do MST.

Pela manhã de hoje, dia 8, as mulheres fizeram uma grande marcha pela cidade de São Luiz. Às 8 horas da manhã, elas partiram da Praça Deodoro e seguiram até o Palácio da Justiça, onde fizeram o enforcamento do boneco do Bush. Ironicamente, durante o enforcamento um grupo de turistas estadunidense passou pelo local. Eles registraram o acontecimento em fotos e disseram que nos EUA a cada 10 norte-americanos, 8 são contra Bush.

As mobilizações começaram ontem, dia 7, no acampamento montado no Sindicato dos Bancários do Maranhão. Lá as mulheres organizaram uma série de debates sobre temas que afetam as trabalhadoras do campo e da cidade. O principal debate foi travado em torno do agronegócio e suas conseqüências para os trabalhadores e para o campo. “Nosso estado tem que produzir alimentos para alimentar sua população e não para mandar para fora do país”, afirmou Divina. Na noite de ontem houve uma exposição áudio-visual sobre o Impacto dos Grandes Projetos no Maranhão e no Brasil, do fotógrafo Robson de Oliveira.

Segundo Divina a mobilização tem um significado muito importante para o estado, uma vez que, conseguiu unificar trabalhadoras de diversos movimentos e organizações. “Já havia tempo que não fazíamos uma mobilização grande como essa em conjunto”, disse. Agora, segundo ela, o objetivo é dar continuidade as atividades iniciadas nas mobilizações do 8 de Março para que o movimento de mulheres ganhe ainda mais força. Ao todo 15 organizações participaram da articulação da Jornada das Mulheres, entre elas o MST, a Assema, a Fetaema, os Movimentos Quilombolas, a CUT, o Comeruc e o Movimento GLBT-MA.

Saiba mais

A Lei da Maria da Penha entrou em vigor em setembro de 2006 e aumenta o rigor das punições das agressões contra a mulher. Além disso, possibilita que os agressores sejam presos em flagrante, acaba com as penas alternativas e aumenta o tempo máximo de prisão, que era de três anos. O nome da lei homenageia a mulher que, agredida durante seis anos por seu companheiro, teve sua vida ameaçada por ele por duas vezes. Ela ficou tetraplégica. O marido só foi punido 19 anos depois e cumpriu pena por apenas dois.