Fazendeiro coordena despejo de Sem Terra em Alagoas

 

Por Rafael Soriano
Da Página do MST



Na noite do último sábado, os acampados da fazenda Padre Cícero em São José da Tapera, alto sertão de Alagoas (208km de Maceió), foram surpreendidos com a chegada truculenta de uma diligência do proprietário do imóvel e seus jagunços.

 

Por Rafael Soriano
Da Página do MST

Na noite do último sábado, os acampados da fazenda Padre Cícero em São José da Tapera, alto sertão de Alagoas (208km de Maceió), foram surpreendidos com a chegada truculenta de uma diligência do proprietário do imóvel e seus jagunços.

Após quebrarem o cadeado da porteira do acampamento, os homens armados se aproximaram dos barracos apontando uma lanterna e dizendo que “queriam ‘apenas’ que desocupassem a fazenda”. Muitos Sem Terra correram com medo das ameaças.

O fazendeiro Jacinto de Azevedo estava intransigente e deixou claro: “Não quero saber. Só quero que o pessoal saia”, disse em conversa com representantes do Movimento, alegando que não negociaria e apenas cederia o transporte para deslocamento das famílias e seus pertences.

Acionada pelo Movimento, a polícia enviou viaturas de Olho D’Água do Casado e de Santana do Ipanema, mas a ação, surpreendentemente, acabou num “cafezinho amigável” entre policiais e fazendeiro.

Jacinto de Azevedo, sempre acompanhado pelo gerente de sua fazenda (de nome Luciano), ainda garantiu que “todos os papéis estavam encaminhados na justiça” e que a partir de agora iria plantar na área.

Num caminhão “velho caindo aos pedaços”, como qualificou Edinilza da Silva da Direção Estadual do MST, os agricultores despejados só tiveram a chance de retirar seus bens pessoais, deixando para trás os barracos ainda de pé.

“A gente encontrou essa área sem nada, tudo destruído, com besouro em todo canto. Os companheiros estavam plantando e deixaram o roçado para trás”, contou Edinilza.

Os trabalhadores rurais já trabalhavam em roças de feijão, milho e feijão de corda, além de possuírem animais de estimação. Este episódio marca a recente conjuntura de truculência e insegurança no campo de Alagoas, caracterizado pelo poder dos coronéis e complacência do Estado em seu favor.