Luta Pela Terra

Ameaças de violências marcam a rotina de trabalhadores na Fazenda Coqueirinho, no Espírito Santo

200 famílias do MST no Espírito Santo são ameaçadas
Famílias Sem Terra. Foto: MST no ES

Por Mariana Motta
Da Página do MST

O MST denuncia a tentativa de instaurar o pânico e a violência nas mais de 200 famílias de trabalhadores rurais que ocupam desde a madrugada do dia 17 de abril na Fazenda Coqueirinho, na rodovia 381 Miguel Cury Carneiro em São Mateus, norte capixaba.

Desde os anos 2000 a área está abandonada, ela já foi sede de uma fábrica de farinha de mandioca chamada Inquinor, que funcionou por poucos anos e foi desativada, sendo assim a área não se enquadra como produtiva, tem problemas com a justiça do trabalho por negar direitos trabalhistas e ter trabalho análogo a escravidão, além da contaminação ambiental, sendo passiva de Reforma Agrária conforme prevê a legislação. Reivindicamos que a área seja desapropriada para virar um assentamento para famílias Sem Terra.

Fazenda Coqueirinho estava abandonada. Foto: Comunicação do MST no ES

Drones sobrevoando cotidianamente, arremessos de rojões e bombas de fabricação caseira, vídeos fazendo ameaças a integridade física das pessoas, xingamentos de diversas formas, têm sido alguns dos ataques comuns que as famílias estão lidando no acampamento.

Uma das 3 bombas de fabricação caseira arremessadas no acampamento na noite de 17/04. Foto: Comunicação do MST no ES

A ação que é parte da Jornada Nacional de Luta do Movimento tem incomodado proprietários ligados ao Movimento Invasão Zero, que são articulados por políticos de direita como Evair de Melo do PP e Lucas Polese do PL que inclusive esteve pessoalmente incitando as famílias do acampamento no último dia 17.

Reforçamos que o discurso de ódio reforçado por estes parlamentares em suas redes sociais e grupos de mensagens coloca em risco a integridade física de famílias inteiras, com adultos, crianças, adolescentes e idosos, famílias essas que já estão em vulnerabilidade social, já sofrem com a falta de direitos básicos como trabalho digno e moradia, dentre outras. 

O Movimento Invasão Zaro organizado por proprietários é patrocinado por empresas diversas, que inclusive estiveram presentes na entrada do acampamento na tarde do dia 17 de abril, com vários jovens funcionários, as empresas Gelo Cariri, Nutrimax e outras empresas do agronegócio que focam na venda de agrotóxicos na região.

Incitados por esses políticos que lideram o Movimento Invasão Zero no Espírito Santo e tem apoiadores na região, foi feito um cerco na entrada do acampamento na tarde do dia 17 de abril, com cerca de 30 carros particulares e de empresas, com alguns tratores agrícolas, com drones sobrevoando ao acampamento. Na noite do mesmo dia, alguns rojões e três bombas de fabricação caseira foram arremessadas no acampamento, duas estouraram mas felizmente não houve feridos por não estarem  próximas a explosão.

Policia Militar esteve no acampamento e fez o isolamento da área. Foto: MST no ES

Por esta razão, a Policia Militar esteve no acampamento e fez o isolamento da área onde se encontrava o artefato e assim, conforme encaminhamento o Esquadrão Anti-bombas esteve no acampamento aproximadamente as 22:30 para desarmar e fazer a retirada da bomba. O MST protocolou a denuncia via boletim de ocorrência e espera que medidas sejam tomadas contra as ações que visam intimidar a luta popular.

As famílias são vindas da região norte e noroeste do estado, especialmente de São Mateus, Nova Venécia, Jaguaré Ecoporanga e Barra de São Francisco, grande parte já tem vínculo com o trabalho agropecuário, sendo filhos de assentados e demais pequenos agricultores da região, outros, moradores urbanos que desejam viver e trabalhar com a terra e que buscam na reforma agrária a oportunidade de trabalho e vida digna para a família.