Avaliação

Movimentos sociais e organizações do campo avaliam atuação do Incra no Pará

Carta traz posicionamento com relação às ações prioritárias do INCRA em Marabá e cobra atendimento às demandas dos povos do campo
Foto: MST PA

Por Valbianne Gama
Da Página do MST

Na última segunda-feira (22) os movimentos sociais e organizações populares do campo do sudeste paraense estiveram reunidos, construindo uma carta de avaliação sobre a atuação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA SR-27 Marabá), que foi enviada para o Presidente Nacional do INCRA em Brasília, César Aldrighi.

No documento os movimentos refletem sobre a atuação do órgão nos últimos dois meses após o planejamento, apontando três pontos principais: a importância do planejamento; a atuação do Presidente Chalito e cobram mudanças quanto à superintendência.

Na carta as entidades deixam claro o posicionamento com relação às ações prioritárias do INCRA na região, exigindo que sejam atendidas as demandas e pautas de luta dos povos do campo, fortalecendo, assim, os assentamentos e acampamentos para enfrentar os efeitos maléficos do agronegócio e do latifúndio contra o meio ambiente na região.

Segue abaixo, carta na íntegra:

Exmo. Sr.
CÉSAR FERNANDO ALDRIGHI
Presidente nacional do INCRA.
BRASÍLIA – DF.

Senhor Presidente,

Passados quase dois meses da realização do planejamento das atividades da Superintendência do INCRA de Marabá, processo coordenado pelo Senhor Presidente e por diretores e diretoras nacionais do INCRA Brasília, os Movimentos Sociais e entidades de apoio que atuam nessa região, vem por meio deste, apresentar rápida avaliação sobre alguns pontos:
1 – Importância do Planejamento: Nós, representantes dos Movimentos, sempre defendemos que a Superintendência teria que realizar seu planejamento a partir das pautas de reivindicações apresentadas por cada Movimento de representação dos trabalhadores e trabalhadoras. Sabemos que o INCRA tem poucos recursos financeiros e humanos, por isso, a importância de planejar conjuntamente e definir o que é prioridade no conjunto das demandadas. Neste sentido, parabenizamos o Senhor Presidente e sua equipe, por compreender essa posição dos Movimentos e atender essa reivindicação.
2 – Atuação do Superintendente Claudinei Chalito: Tão importante quanto o planejamento é cumprir com o que foi acordado. Nesse sentido, queremos reconhecer e parabenizar o trabalho desenvolvido pelo Superintendente Claudinei Chalito. Um excelente técnico, com conhecimento bastante aprofundado sobre o funcionamento da casa e com compromisso claro com a causa da Reforma Agrária. Nesses dois meses de trabalho, demonstrou muita solidariedade e muito compromisso com as causas defendidas pelos Movimentos. Foi fiel no cumprimento do que foi planejado, cumprindo rigorosamente o que foi acordado. Não mediu esforços tanto para tocar as atividades quanto para estar presente no meio das famílias que lutam pela reforma agrária. Defendemos que ele continue ligado a esta Superintendência, e continue seus trabalhos em Marabá ou em alguma diretoria em Brasília.
3 – Mudança de Superintendente: Sabemos que um novo Superintendente assumirá como titular nas próximas semanas. Não queremos nos opor ao direito das tendências políticas do PT em fazer suas indicações, afinal, faz parte da conjuntura política de fortalecimento do nosso Governo LULA. O que questionamos muitas vezes, são indicações de pessoas que não tem conhecimento técnico na área, que não respeitam a luta e os direitos defendidos pelos Movimentos Sociais. Agindo assim, acabam criando dificuldades e entraves no seguimento das pautas por nós defendidas. Defendemos, e disso não abrimos
mão, que as ações prioritárias do INCRA de Marabá, tem que ser aquelas indicadas pelos Movimentos Sociais que fazem a luta no campo. Foi para fortalecer essas lutas e esses Movimentos que nos empenhamos na eleição do presidente LULA.
Por fim, queremos reafirmar que estamos unidos e articulados no sentido de ajudar a presidência do INCRA a conseguir mais recursos financeiros e humanos, para atender a pauta dos assentados e acampados e, dessa forma, possamos nos fortalecer para enfrentarmos os efeitos maléficos do agronegócio e o latifúndio no campo.
Respeitosamente,

Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do
Estado do Pará – FETAGRI.
Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar – FETRAF.
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST.
Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA.
Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB.
Comissão Pastoral da Terra – CPT Pará.

Marabá, 22 de abril de 2024

*Editado por Solange Engelmann