Reconhecimento

Homenagem ao MST na Câmara de São Paulo representa ‘união em prol da reforma agrária’

Evento ocorreu na manhã desta segunda-feira (17) no plenário da casa legislativa
Para o movimento, evento contribui para o debate sobre produção de alimentos saudáveis e combate às mudanças climáticas. Foto: Caroline Oliveira/Brasil de Fato

Por Caroline Oliveira e José Eduardo Bernardes
De Brasil de Fato

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foi homenageado pela Câmara Municipal de São Paulo, na manhã desta segunda-feira (17), em seus 40 anos de existência. A celebração foi organizada pelo vereador Jair Tatto (PT) com o apoio dos seus colegas de legenda e do Psol.  

Para Márcio Santos, integrante da direção nacional do MST que representou o movimento durante a homenagem, afirmou que o evento marca um rompimento de uma barreira que impede avanços democráticos na Câmara.  

“Nós temos algumas expressões da extrema direita com mandato legislativo nessa casa e que muitas vezes faz o enfrentamento às pautas democráticas e de desenvolvimento do nosso país e que acusam o nosso movimento de terrorismo. Nós estarmos nessa casa tem um peso de uma simbologia fundamental”, disse Santos ao Brasil de Fato. 

“A Câmara Municipal de São Paulo tem uma esfera de poder muito importante. Tem a simbologia que isso carrega. Estamos falando da maior metrópole do país, uma das cidades mais ricas do Brasil, apesar de tanta desigualdade.”

Em suas palavras, a homenagem representa um “primeiro passo” para a construção de alianças em prol da reforma agrária popular. “Apesar de a composição ser muito complexa e contrária à nossa pauta, é um momento de fazer alianças, principalmente com os nossos aliados, e começar a construir uma pauta comum de debate em torno da alimentação saudável, da agroecologia e da importância da reforma agrária para o conjunto da sociedade brasileira e paulistana”, conclui. 

Na mesma linha, Joyce Lopes, do setor de produção do MST, afirmou que a homenagem coloca temas importantes para a sociedade brasileira dentro da Câmara de São Paulo, como a produção de alimentos saudáveis e o combate às mudanças climáticas. “É preciso falar o que é a reforma agrária e como o nosso país hoje passa por todas essas mudanças climáticas. A gente tem certeza de que isso [a homenagem] vai colocar em pauta da questão da reforma agrária“, diz. 

“A gente sabe que é uma Câmara muito acirrada. Nós temos muitos negacionistas e que são contra o MST. Então estar aqui marcando presença a colocando aqui a pauta da reforma agrária também é um espaço de debate.”

Integrantes do MST levaram alimentos da reforma agrária para os vereadores de São Paulo. Foto: Caroline Oliveira/Brasil de Fato

O evento contou com a presença de cerca de 100 integrantes do movimento e da superintendente regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Renata de Moraes Vicente, que utilizou o espaço para declarar apoio institucional ao MST e falou sobre a importância do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)

“A Conab apoia o objetivo do MST, que é a alimentação saudável do campo sem agrotóxicos. O PAA está em franco fortalecimento. A cozinha solidária, que é um outro braço do PAA, também é uma inovação e que era necessária para ser uma das unidades recebedoras do PAA”, afirmou Vicente.  

“Vocês produzem alimentos saudáveis e quer coisa melhor do que direcionar os alimentos para a cozinha solidária de quem mais precisa? Que vocês sempre contem com a Conab“, concluiu a superintendente da companhia. 

O PAA compra alimentos da agricultura familiar para direcionar às pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional e àquelas atendidas pela rede socioassistencial, pelos equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional e pela rede pública e filantrópica de ensino. 

O vereador Jair Tatto (PT) lembrou que essa não é a primeira ação de reconhecimento ao MST na cidade de São Paulo. Em setembro de 2019, a Feira Nacional da Reforma Agrária, organizada pelo movimento, entrou oficialmente no calendário de turismo do município. 

A lei, também proposta pelo vereador, atribui ao evento dos agricultores e agricultoras de produtos orgânicos e agroecológicos o mesmo status do Carnaval, da Virada Cultural e da Bienal do Livro, por exemplo. No mesmo ano, o MST recebeu a Salva de Prata, principal honraria da Câmara Municipal, também após sugestão de Jair Tatto. 

“É o momento de celebrar e de rememorar. A gente celebra as conquistas de mais de 450 mil famílias, que através da luta do MST, tiveram o direito sagrado à terra, mas rememorar que muitos companheiros e companheiros tombaram no meio do caminho”, disse o vereador ao Brasil de Fato. 

Editado por: Thalita Pires