Carta em homenagem ao companheiro Egídio Brunetto
Carta de Ademar Bogo, poeta, escritor e dirigente do MST, em homenagem ao companheiro Egídio Brunetto.
DESPEDIDA
(Egídio em grego, é “aquele que protege”)
A Terra hoje se alegra por receber de volta quem a cuidou e protegeu
Como um fruto que amadureceu no galho
Traz a doçura e as sementes para entregar à mãe, aquilo que é seu.
Mas, se ganha a Terra em doçura e qualidade
A humanidade perdem, em ternura e simplicidade.
Perdem os camponeses do mundo
Um criador de gestos tão profundos
Que se guiaram pela solidariedade.
Perdem os movimentos um pouco da paixão;
Perdem os militantes um dedicado irmão
E a classe toda um exemplo de humildade.
Mas não se perde tudo ao morrer
Ganha-se a herança das belas coisas feitas.
O que até aqui pertence somente ao construtor
Agora é de todos em forma de valor.
Ficam lições a serem apreendidas
Ficam memórias a serem recordadas
Ficam virtudes a serem imitadas.
Fica a honra de tê-lo tido como companheiro
Um destacado e pioneiro
Nas relações internacionais.
Viajou o mundo sem saber os idiomas
Levou mensagens trouxe ensinamentos
Trocou sementes, ânimo e alimentos
Mantendo sempre as relações cordiais.
Se os movimentos camponeses têm hoje unidade
Se deve a esta postura de humildade
Que sempre esteve em pauta, mesmo sem discussão.
Deve-se a ti, a herança afetiva
A teimosia e a insistência combativa
De sempre amar e honrar em qualquer parte do mundo
A luta, a liberdade e a revolução.
A história segue; seguimos o cultivo
Você, de algum modo continuará vivo
E acompanhando as gerações de lutadores.
Quando o futuro chegar em meio as flores
E as crianças sorrirem livremente
Saberemos, que através da prática dos valores
Você jamais deixou de estar presente.
Ademar Bogo