Famílias Sem Terra estão ameaçadas de despejo no município de Ecoporanga



Da Página do MST

Da Página do MST

No último dia 26 de março, 300 famílias do MST, ao abrirem a Jornada Nacional de Lutas de Abril, ocuparam o latifúndio Fazenda Vista Alegre / Ricardo, localizada no município de Ecoporanga, no Espírito Santo.

No entanto, desde o dia 3 do mês de abril, os acampados foram notificados da decisão judicial a favor da reintegração da posse para o dia seguinte (4). Todavia, as famílias Sem Terra haviam conseguido adiar a execução da liminar para a segunda-feira (9) seguinte, ao decidirem resistir até que o poder público garantisse a elas o direito constitucional de acesso à terra por meio da Reforma Agrária.

Apesar da ordem de despejo já concedida pela justiça, a reitegração de posse ainda não ocorreu. Entretando, a decisão judicial continua valendo e as famílias correm o risco de serem despejadas a qualquer momento.  

Desde a liminar concedida pela justiça, as famílias Sem Terra passaram a receber ameaças freqüentes e agressivas de intimidação.

Histórico

A área da Fazenda Vista Alegre são terras públicas do Córrego Oswaldo Cruz, no patrimônio do Bagre. A história deste latifúndio foi marcada pela violência e agressividade que expulsou os moradores da comunidade ao longo dos anos e que ainda hoje continua com os mesmos métodos de acumular riqueza, massacrando a vida das famílias que resistem na região.

Em 1962, esta terra de patrimônio público, foi doada para a Igreja Católica, onde foi fundada a comunidade e o cemitério. O processo conduzido pelo fazendeiro, Silval Faustino Ferreira e sua esposa Angela Maria Dal´col Ferreira, caracteriza-se como grilagem de terras e se deu anexando ilegalmente à sua propriedade, sempre sob violência e ameaças, as terras de posse das famílias ali residentes, inclusive com a extinção do cemitério local, onde historicamente eram enterrados os entes da comunidade.

Diante deste histórico, precisamos sensibilizar toda a sociedade para mais este crime que o latifúndio, com apoio do estado, está prestes a concretizar contra os camponeses.

A resistência das famílias depende da nossa capacidade de organização social. É a jornada nacional do MST em denúncia ao massacre dos 19 companheiros de Eldorado de Carajás em 1996, e a todos outros massacres e conflitos de terra que permanecem no campo, pela falta de uma Reforma Agrária ampla e popular, que democratize o acesso à terra, à renda e às riquezas produzidas. 

Dizemos não a este modelo agroexportador que concentra terras, riqueza ampliando as desigualdades e a pobreza, envenena e destrói o meio ambiente, voltado para o lucro e não para a atender as necessidade do povo brasileiro.