Governo FHC continua mentindo

O mês de março foi marcado por episódios graves para o nosso país. Logo no começo do mês a Polícia Federal entrou no escritório de uma das empresa da governadora Roseana Sarney, apreendendo documentos e cerca de 1,4 milhão de reais, em dinheiro vivo. Não para investigar a corrupção. Apenas para criar fatos e combater a candidatura do PFL.

Sarney foi ao revide: denunciou que a PF estava sendo usada para fins eleitoriais; que a campanha de FHC, em 1994, arrecadou ilegalmente mais de 5 milhões de reais.

Depois, recebemos a visita do professor Jean Ziegler, em missão oficial da ONU para pesquisar a situação da fome no Brasil. Denunciou que aqui se vive uma guerra social: assassina-se 40 mil pessoas por ano, e pior, há mais de 50 milhões de pessoas abaixo do nível de pobreza absoluta e, portanto, passam fome. E se atreveu a dizer a causa: a fome existente no Brasil não é obra do acaso e sim resultante da política econômica implantada em nosso país. E apresentou a solução; somente uma verdadeira Reforma Agrária e um plano de distribuição de renda pode acabar com a fome. O governo tucano virou arara. Não admitia interferência. A missão da ONU confessou aos jornalistas que esteve durante uma hora e meia com o Presidente. Ele não falou um minuto sequer sobre o Brasil, apenas sobre a França, a sociologia moderna, a ONU etc.

Mais tarde se noticiou que procuradores de Justiça estão investigando as contas das campanhas eleitorais (de 1994 e 98) de FHC. Há fortes indícios da existência de caixa dois.

No Nordeste do país, fiscais do Ministério do Trabalho descobriram a existência de trabalho escravo numa das fazendas do Deputado Federal Inocêncio de Oliveira (PFL/PE).

Mais grave. Promotores públicos estão pesquisando a origem dos recursos e a forma de atuação de uma empresa de espionagem contratada pelo Ministério da Saúde, pelo então Ministro Serra, para pesquisar não apenas o Ministério, mas em outros locais, de forma ilegal.

Todos esse fatos começavam a comprometer ainda mais a imagem do governo FHC.
Bastou os trabalhadores rurais da região de Buritis/MG, ocuparem, mais uma vez, a fazenda que ora é de FHC ora é dos seus filhos, para que o governo encontrasse uma saída milagrosa.

Imediatamente pautou toda imprensa, amplificou o episódio como se fosse a queda da Bastilha. “Trata-se de bandidos, terroristas”, brandiu o Ministro Jungmann. “A democracia está em jogo”, alertou o General Cardoso. O ministro Aloysio Nunes, ex-colega no PCB do deputado José Dirceu, ficou com a tarefa de culpar e encurralar o PT.

Já o secretário-geral da Presidência, Arthur Virgílio, externou os propósitos do governo: aproveitar a ocupação da fazenda para tentar ferir de morte o MST, como fizeram com o movimento grevista dos petroleiros em 1995.

A ocupação da fazenda de Buritis deve-se, unicamente, ao descaso com que o governo vem tratando aquelas famílias. Nos últimos seis anos, aos invés de resolver os problemas das famílias acampadas e assentadas, o governo gerou insegurança, desacreditou os canais de negociação – descumprindo sistematicamente os acordos – e se mostrou totalmente insensível aos problemas daquelas famílias. Humilhados, decidiram se mobilizar para se fazerem ouvidos. Os exageros cometidos na mobilização, reconhecidos pelos próprios trabalhadores, não pode sobrepujar as causas que motivaram a mobilização. Até mesmo porque esses exageros também são resultantes do tratamento que o governo dispensa aos trabalhadores. Há tempos alertamos que as constantes mentiras contadas pelo Jungmann, maquiando os números da Reforma Agrária, servem apenas para enganar a sociedade, mas não contribui em nada para resolver os problemas sociais.

Não há prova mais real das mentiras do governo e sua forma de tratar os trabalhadores, do que o pedido de demissão da Sra. Maria de Oliveira e do Desembargador Gercino da Silva, que preferiram a dignidade ao emprego. Cansados de tantas mentiras. E eram os assessores especiais do Ministro, corriam pelo Brasil resolvendo conflitos sociais.

O governo se utiliza de uma imprensa servil para deslocar a atenção da opinião pública das graves denúncias que pairam sobre Brasília, para desfocar e colocar os sem terra como culpados de tudo.

Mas a história mostra que a realidade e a verdade sempre prevalecem. E o resultado pode ser o oposto. São inúmeras as entidades, organizações e personalidades que tem prestado solidariedade e apoio, condenando enfaticamente a atuação do governo e da PF no episódio. Os trabalhadores sabem que somente conquistarão seus direitos através das mobilizações e lutas.

Direção Nacional do MST

Breves

Solidariedade com a luta das famílias trabalhadoras em Buritis/MG

Depois dos ataques da mídia e do governo ao MST contra as famílias trabalhadoras rurais de Buritis (MG) e aos 16 presos políticos, diversas entidades e amig@s enviaram mensagens de solidariedade. Colocamos aqui apenas o nome dos destinatários das mensagens que nos chegaram através do endereço eletrônico [email protected]. Agradecemos a estas pessoas e entidades e estendemos nosso agradecimento a todos que se comprometem com a Reforma Agrária e que enviaram mensagens a outros endereços eletrônicos do MST pelo Brasil afora.

CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, MPA, Movimento dos Pequenos Agricultores, ABRA – Associação Brasileira de Reforma Agrária – Amigos do MST em Juiz de Fora (MG), ESPLAR – Centro de Pesquisa e Assessoria, Documentaristas do programa de televisão EL Cuarto Patio – Córdoba – Argentina, Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Violência no campo, Organização Católica para o desenvolvimento e a paz – Canadá, CNASI – Confederação Nacional das Associações dos Servidores do Incra, CPT Nacional (Comissão Pastoral da Terra), Revista “Em Marcha”- Buenos Aires – Argentina, Jornal Resumen Latinoamericano, STIMMMEIP – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Materiais Elétricos de Itajubá e Paraisópolis, Sindicato dos Laticínios do Rio de Janeiro, Sindicato Lab – Euskal Herria, Luis Zamonra e Jose Alberto Roselli – Deputados nacionais de Auto determinacion y Libertad – Buenos Aires – Argentina, Maria de Lourdes Nascimento – Acadêmica do curso de Ciências Sociais da UVA – Sobral – Ceará, Natalia Garcia Romano – Rosário – Argentina, Luciana Correia, Roberto Herrera Cañon – Bogotá – Colômbia

Famílias são ameaçadas de despejo depois de 10 anos assentadas

As 230 famílias que residem na Fazenda Timboré, no município de Andradina (SP), estão sendo ameaçadas de despejo após 10 anos de produção nessa área que foi decretada de interesse social para a Reforma Agrária em 1986. Apesar de as famílias terem sido assentadas de forma justa e legítima e do governo ter investido volumosos recursos em infra-estrutura e projetos de desenvolvimento, o antigo proprietário entrou na justiça pedindo a reintegração de posse. No próximo 8 de abril, a comarca de Araçatuba julgará o caso. Pedimos para que escrevam ao Procurador Público Federal solicitando que se faça justiça, para que as 230 famílias possam continuar morando e trabalhando na área.

Exmo Sr. Dr. Paulo de Tarso Astouff
DD. Procurador Público Federal
Rua Dina Ferraz Oliveira Lima nº 257
Bairro Nova York – Araçatuba – SP
CEP: 16100-000
Fone: (0xx18) 622-1516

Soberania Sim, ALCA Não!

A ALCA é um plano estratégico das empresas norte-americanas, através de seu governo, para tentar impor seus interesses a todo continente e assim poder ter acesso a nossas riquezas, ao nosso território, a nossa biodiversidade, impor a sua moeda – o dólar -, ter acesso às compras dos órgãos públicos (compras estatais), controlar nossa agricultura, nosso mercado, influir na nossa cultura.

A ALCA é um perigoso plano de expansão, para garantir um espaço cativo para as 500 empresas transnacionais dos Estados Unidos. Como explicou didaticamente o General Colin Powell, secretário de estado norte-americano: “A ALCA é a forma de garantirmos um território que vai do Alasca até a Patagônia, para que nossas empresas possam garantir seus interesses no comércio, no mercado, no controle de tecnologia, capital e serviços, e no acesso às riquezas”.

A editora Expressão Popular acaba de lançar o livro “Soberania Sim, Alca Não”. O livro traz análises e ensaios que explicam com mais detalhes esse plano estratégico de dominação; traz também outros documentos que subsidiam a campanha continental contra a ALCA.

“Soberania Sim, Alca não”
páginas 192
valor: 5 reais
pedidos: [email protected]