Atividades da Jornada Nacional contra o latifúndio agitam o país
A Jornada Nacional contra o latifúndio e a favor da Reforma Agrária tem como objetivo esclarecer as populações do meio urbano e rural sobre os problemas causados pela manutenção do latifúndio e pela falta de um programa de Reforma Agrária efetivo e sério.
No país inteiro, cerca de 25 mil pessoas estão participando de uma série de eventos de conscientização e marchas estaduais, bem como ocupações de latifúndios improdutivos. A campanha já começou e no dia 17 de abril, Dia Internacional de luta Camponesa, a luta se intensifica, se estendendo durante todo o ano.
A iniciativa se faz necessária para mobilizar o povo nessa luta e esclarecer que muitos dos problemas enfrentados no meio urbano, como violência e desemprego, são ocasionados pelo êxodo rural, pela dificuldade que o trabalhador rural enfrenta em produzir e trabalhar a terra. Novas informações sobre Alagoas, Espírito Santo, São Paulo, Pará, Paraná e Sergipe.
Em Sergipe, cerca de 700 famílias de trabalhadores rurais sem terra montaram em 9 de abril um acampamento na rodovia estadual 212, a 10 Km de Nossa Senhora da Glória, sertão sergipano. Em 16 de abril, acontece uma marcha em Aracaju pelo 17 de Abril – Dia Mundial de Luta Camponesa. A concentração foi no Trevo de Aracaju – BR 101. Os sem terra caminharam o dia inteiro, realizando ato público na Cohidro, no Banco do Nordeste e no Banco do Brasil. O encerramento foi em frente ao Incra, no Largo da Reforma Agrária.
No Pará, uma marcha saiu de Castanhal, em 11 de abril e chega a Belém no dia 17 com cerca de 600 pessoas. Em frente a Basílica de Nazaré, em Belém, acontece em 17 de abril uma vigília das 8h00 às 17h00, hora exata em que se iniciou o massacre de Eldorado.
No Paraná, em 15 de abril, 500 famílias reocuparam a Solidor, um assentamento de 14 anos que teve suas 36 famílias despejadas em junho de 2000. Trata-se de uma área devoluta, cujo fazendeiro que se apresenta como proprietário, até hoje não conseguiu comprovar a posse através de documentação legal.
A marcha contra a Alca e pela cidadania, que partiu em 10 de abril de Ponta Grossa, com 250 caminhantes, chegou em Curitiba em 14/4, quando aconteceu um ato contra a violência no campo, no monumento Antônio Tavares.
Em seguida os representantes dos trabalhadores iniciaram uma rodada de negociações com o governo do Estado, seu secretariado e com o INCRA.
Também acontecem diversos debates no Teatro da Reitoria da UFPR, sempre às 19 horas. São eles:
14/4 – O império precisa da guerra, com Plínio de Arruda Sampio e Flávio Arns (senador/PT)
15/4 – O império e a paz – para onde caminha o movimento antiglobalização, com Inácio Neutzlin e Márcia Kersten
16/4 – O movimento social brasileiro – a luta contra a Alca e o latifúndio, com João Pedro Stedile (MST) e D. Ladislau Biernaski.
São Paulo terá, além de palestras na USP e panfletagem na PUC e Mackenzie, a Marcha pela Reforma Agrária e vigília contra a guerra. A marcha saiu dos Acampamentos Irmã Alberta e Terra Sem Males, no Km. 29 da Anhanguera e chegou à capital por volta das 12 horas do dia 15 de abril. No começo da noite aconteceu uma caminhada até o consulado norte-americano, para uma vigíla contra a guerra.
O MST se reuniu em 16 de abril com o presidente do Tribunal de justiça do Estado, o Desembargador Sérgio Augusto Nigro Conceição. Este mostrou-se sensível à necessidade de se implementar uma reforma social no campo e se disse disposto a ajudar na agilização dos processos de arrecadação de terras devolutas no estado.
No Espírito Santo, duas colunas saem de João Neiva e de Iconha, cada uma com 100 trabalhadores, rumo a Vitória. A saída foi em 9 de abril com previsão de chegada dia 17, com concentração na pracinha de Jucutuquara às 6hs, e caminhada até a catedral, onde haverá a participação na missa seguida de ato Público contra o latifúndio e em memória das vítimas de Carajás na praça da catedral.
Em 16/04 aconteceu a primeira audiência da Direção estadual do MST e os marchantes com a nova superintendência do INCRA.
Em reunião ocorrida ontem, o governador, Paulo Hartung, se apresentou favorável a idéia do Estado voltar a adotar políticas de apoio a reforma agrária e também a luta do MST contra o latifúndio, se oferecendo para receber a marcha publicamente e criar um fato político sobre o tema no dia 17 de abril.
Em Alagoas, 1500 trabalhadores estão marchando desde 13 de abril, partindo de Murici. Depios de um percurso de 90 quilômetros, eles chegam à capital, Maceió, em 16 de abril.
Em continuidade às atividades do Estado, os camponeses que vieram em marcha até a cidade de Maceió, tem agendada, na data de hoje, uma reunião com o superintendente do INCRA, Mário Agra. Na oportunidade, entregam uma carta de reivindicações solicitando desapropriações de terras e liberação de recursos para os assentamentos do Estado. Após a reunião, haverá um ato nas ruas do centro para relembrar o massacre de Eldorado dos Carajás e repudiar a guerra ao Iraque e a implantação da ALCA.
Em Pernambuco foram feitas 14 ocupações de latifúndios, com a participação de mais de três mil famílias. Outra atividade que está programada para acontecer até o dia 17 de abril é a Marcha Contra o Latifúndio, de 13 a 16 de abril. Em 14 de abril, a marcha chegou à cidade do Cabo. Lá houve um ato público contra o latifúndio e o lançamento do Jornal Brasil de Fato na câmara de vereadores. Hoje, dia 15, a marcha chega em Recife e no dia 16, às 11 horas, uma pauta com reivindicações será entregue no palácio do Governo. Para o ato contra o latifúndio, estão previstas a participação de 6 mil pessoas.
Na relação de eventos do calendário de lutas, o MST da Bahia, de 14 a 17 de abril, desenvolve um conjunto de atividades, entre eles um acampamento na pró-reitoria da Uneb, em Salvador, com cerca de 500 militantes do MST, das oito regionais da Bahia. Será feito um culto ecumênico em homenagem aos 19 sem terra mortos pela Polícia Militar no massacre de Eldorado dos Carajás em 17 de abril 1996, Dia Internacional da Luta Camponesa. Confira a programação de palestras do acampamento e participe:
14/4, às 14h00 – Análise de Conjuntura Nacional, Governo Lula X Reforma Agrária, com João Pedro Stedile (MST)
15/4, às 9h00 – Palestra “Sementes: patrimônio da humanidade”, com Ademar Bogo (DN-MST) e um Representante da ABONG
16/4, às 9h00 – Palestra: “Formação dos males do Latifúndio para a Sociedade”, com Nelson Oliveira (Prof.Administração UFBA) e Vera Lúcia Barbosa (MST)
Haverá mobilizações nas cidades de Teixeira de Freitas e Itabuna. Em Vitória da Conquista, o ato público contra a guerra, o latifúndio e em memória de Eldorado dos Carajás acontece em 16 de abril, e espera receber cerca de 1500 pessoas.
No Rio Grande do Sul, 4 marchas saíram na manhã de 14 de abril dos municípios de Porto Alegre, Santa Maria, Pelotas e Santana do Livramento. O ato de início da Jornada foi também em 14 de abril, em frente a sede do INCRA. Participam no estado cerca de 1500 pessoas.
Em Minas Gerais, as marchas saíram em duas colunas – em um total de 600 pessoas – uma da cidade de Formiga, região centro-oeste, e a outra de Frei Inocêncio (perto de Governador Valadares), região Leste, no dia 29 de março com previsão de chegada hoje, 15/04, em Belo Horizonte. Lá haverá um acampamento, que permanece na cidade até 17 de abril. Serão realizadas diversas audiências com representantes do Incra e do Iter, e noites culturais. O encerramento, em 17 de abril, conta com uma vigília, o ato lava pés, uma visita à comunidade atingida pela chuva no início deste ano e o lançamento da campanha contra o latifúndio.
Na Paraíba, os sem terra realizaram uma marcha contra o latifúndio e pela paz, dos dias 10 a 15 de Abril, saindo da cidade de Mari com destino a João Pessoa. No roteiro estavam paradas em algumas cidades com mobilizações para envolver a população e atividades pedagógicas com agricultores de todas as regiões do estado com relação as reais razões da Guerra promovida pelos Estados Unidos contra o Iraque.
Em Goiás, a marcha pela paz, Reforma Agrária e justiça social caminhou rumo ao centro de Goiânia, na praça de Campinas, chegando lá em 15 de abril. As três colunas partiram em 11 de abril,dos seguintes locais: S. Luiz de Monte Belo, Itaberaí e Palmeiras. Em 16 de abril haverá ato público contra a impunidade e pelo Dia Internacional de Luta Camponesa.
Uma marcha com três colunas também está acontecendo em Mato Grosso. A coluna Sudoeste, com 250 marchantes, saiu de Araputanga em 6 de abril. A coluna Médio Norte saiu de Tangará da Serra, também com 250 trabalhadores rurais e a coluna Sul saiu de Rondonópolis com 250 pessoas. Elas se encontraram em 13 de abril e em 14 de abril realizaram uma caminhada e um ato contra o latifúndio. Em 15 de abril, os sem terra fazem um ato contra a Guerra e pela PAZ e em 16 de abril haverá um culto ecumênico em frente ao Tribunal de Justiça em memória aos mortos de Carajás.
Cerca de 700 trabalhadores rurais sem terra, de várias regiões de Santa Catarina, iniciam em 10 de abril uma marcha entre Gaspar e Florianópolis, passando por várias outras cidades do litoral do Estado. Em 15 de abril, a marcha chega em Florianópolis e será recebida pelo governador, Luiz Henrique da Silva. Na parte da tarde, haverá uma seção especial na Assembléia Legislativa, enfocando a Reforma Agrária, os Transgênicos e a luta contra a guerra. Em 16 de abril, haverá audiência com o Incra e também um ato contra a Alca e contra a guerra.
Em Tocantins, diversas atividades já aconteceram. De 6 a 8 de abril, juntamente com outros movimentos do campo e o Incra, foi realizado um seminário estadual para discutir o orçamento do Incra em 2003. Em 23 de março, 75 famílias acamparam na Fazenda Bonanza, Em Colméia. De 16 a 23 de Março, 500 famílias acamparam no Incra para agilizar os encaminhamento e posse do novo Superintendente. Vários grupos de trabalho discutiram os seguintes assuntos: Gestão participativa; Créditos/Infra esturutra e Vistorias e Desapropriações. O resultado foi a criação de um Fórum Permanente de Negociações.
No Rio de Janeiro, cerca de 50 famílias ocuparam em 5 de abril uma faixa de terra às margens da rodovia BR-393, que liga a Via Dutra ao norte do país, próxima à entrada dos distritos de Dorândia e Vargem Alegre, no município de Barra do Piraí. Outras 80 famílias ocuparam outra área em Campos. Cerca de 200 sem terra marcharam dentro da cidade do Rio de Janeiro da Praça Mauá até o Incra. No dia 17 acontece a caminhada “Paz no mundo e no Campo”, que vai até o Cristo Redentor. Esta será em homenagem às vítimas de Carajás.
No Distrito Federal, cerca de 500 trabalhadores estão marchando desde Formosa e chegam a Brasília em 16 de abril.
Debates com a sociedade, em escolas, igrejas, universidades e bairros aconteceram de 10 a 15 de abril na região Metropolitana e em Fortaleza, no Ceará. Em 16 de abril será feito o lançamento da Campanha contra o Latifúndio. Cerca de 500 pessoas participam.
Sem terra marcharam da região de Tocantina até Imperatriz, no Maranhão, de 9 a 11 de abril.
Duas colunas, com um total de 800 marchantes saíram do Agreste e Mato Grande, no Rio Grande do Norte, em 11 de abril. No dia 16 os sem terra chegam à Natal e no dia 17 haverá ato público em frente ao Mc Donalds.
Em Rondônia, 200 pessoas partiram de Presidente Médici e chegaram a Ji Paranáem 14 de abril. Cerca de 500 pessoas os recepcionaram. Estão agendadas audiências com o Governador e com o superintendente do Incra para os dias 15 e 16 de abril.
Uma marcha reunindo 300 sem terras partindo de Citrolândia chegou a Campo Grande, Mato Grosso do Sul, em 10 de abril. Em 16 de abril acontece ato público em defesa da agricultura, contra a Alca, OMC e FMI com a presença de aproximadamente 600 participantes.
No Piauí, as audiências com o governo do Estado e com o Incra serão a partir de 22 de abril e não há nada programado para esta semana.