Ações mundiais no Dia de Luta Camponesa
Globalizando a luta, globalizando a esperança
Por Comunidade Web de Movimentos Sociais
17 de abril é o Dia Internacional de Luta Camponesa, uma iniciativa da Via Campesina, organização que luta pelo estabelecimento de marcos jurídicos de respeito ao ser humano, seu meio ambiental e social. Via Campesina é uma rede mundial de organizações camponesas e indígenas que agrupa mais de 80 associações e sindicatos de quatro continentes.
Este dia foi eleito como de luta camponesa mundial depois do massacre, em 1996, de 19 camponeses sem terra em Eldorado dos Carajás, Brasil, nas mãos de militares instigados pelos latifundiários.
Em todos os cantos do mundo, as organizações camponesas, homens e mulheres estão participando uma série de atividades e ações em comemoração a este dia.
No Brasil, por exemplo, chama-se Mobilização Nacional “Mártires de Carajás” contra o Modelo Econômico e pela Reforma Agrária; atividade que começou em 15 de abril com uma série de ações e ocupações de terras, exigindo às autoridades brasileiras a implementação de uma verdadeira Reforma Agrária no país. Também se exige o fim da impunidade aos responsáveis pelo massacre de Eldorado dos Carajás.
O Movimento Sem Terra, através da ação direta de milhares de famílias camponesas continuará com as ocupações de terras em todos os estados e regiões do país e aprofundará a coleta de assinaturas para a Campanha pelo Limite da Propriedade de Terra, assim como continuará fazendo caminhadas e atos públicos nas capitais dos estados.
No marco da celebração deste Dia Internacional de Luta, a Via Campesina está reunindo e preparando um pauta com demandas e propostas que dizem respeito aos direitos e liberdades dos camponeses e camponesas do mundo. Estas serão apresentadas na Reunião da FAO, Roma+5, A Reunião Mundial do Desenvolvimento Sustentável e Rio+10, com a intenção de que elas se convertam em compromissos dos governos.
Entre as demandas estão o acesso e o controle da terra; semente, água, créditos, tecnologia e mercados precisam ser garantidos para todos os camponeses e camponesas para poder produzir alimentos suficientes e adequados de uma maneira sustentável e socialmente justa, respeitando os recursos naturais disponíveis.
O propósito é defender os direitos coletivos dos recursos genéticos, proibição às patentes e outros Direitos à Propriedade Intelectual (IPR’s) em organismos vivos, uma interdição no uso de OGM’s (Organismos Geneticamente Modificados) na agricultura e a produção alimentar, colocada em prática os programas reais da reforma agrária, mercados eqüitativos com preços justos e o respeito do princípio da soberania alimentar dos povos.
Via Campesina exige também a proibição total da tecnologia “terminator” (da produção de sementes estéreis) e tecnologias similares como para o “Uso Genético Restringido”, que controlam as características das plantas e os animais.
Na Holanda se realizou várias ações sob o lema “A resistência é fértil”, contra os OGM’s. Algo similar foi feito por camponeses em diferentes pontos da França e jovens da Bélgica. Na Áustria, grupos de camponeses e consumidores se colocaram em frente ao Parlamento em ação também contra os OGMs. Em Roma, o grupo de apoio ao MST do Brasil também realizará atividades exigindo a Reforma Agrária no país latino-americano.
Madri foi a sede de protestos liderados pela Plataforma Rural. Em Oviedo se realizam encontros camponeses até 20 de abril e no País Basco se tratará sobre os OGMs, assim como em Alicante. Em Barcelona se realizará uma marcha em frente as embaixadas dos países da América Latina.
Na Ásia também foram feitas mobilizações de massas, como por exemplo, na índia, sob a responsabilidade da KRRS, na Malásia, a Pan Ásia Pacific preparou ações, entre as que se contam com mobilizações em frente ao Departamento de Agricultura e Reforma Agrária, em Bangladesh. No Paquistão, os movimentos de direitos populares realizaram mobilizações de camponeses sem terra de todo o país contra a repressão por parte dos militares.
Já na América, desde 15 de abril está acontecendo em Quito, Equador, o Fórum Andino contra a Alca, organizado pela CLOC-Andina (Coordenadora Latino-Americana de Organizações Camponesas). Em El Salvador, a Aliança Democrática Camponesa realiza o Seminário sobre Reforma Agrária. Na capital estadunidense realiza o Seminário sobre Políticas do Banco Mundial e a Via Campesina fará uma carta pública em protesto a estas políticas.
Durante esta semana no México, Honduras, Guatemala, Brasil, El Salvador, Haiti, República Dominicana, Paraguai, Colômbia e Equador acontece a Semana Continental contra o milho transgênico e o dumping a favor dos preços juntos do produto.
Honduras, Belize, Bolívia, Canadá, Argentina, Chile e Suíça, entre outros, realizam mobilizações também comemorativas ao Dia Internacional de Luta Camponesa. Em todas as ações se pressionará para que os distintos governos do mundo liberem os centenas de dirigentes camponeses, presos por reclamarem seus direitos e defender a natureza das políticas de depredação que impõem as transnacionais e os governos das potências mundiais.