Mães da Praça de Maio são homenageadas pelo MST

(do boletim das Mães da Praça de Maio)

Sem pausa nas emoções, as duas mães, Hebe de Mascia e Hebe de Bonafini participaram, na noite de 27 de setembro, no Parlamento Latino-americano, em São Paulo. Ali estavam convidadas a participar do lançamento da agenda Latinoamerica de 2003, um belo trabalho que reúne, no calendário, as datas mais signigicativas das lutas populares latino-americanas.

No entanto, imprevistamente, quando chegou a vez da intervenção do representante do Movimento Sem Terra, o companheiro manifestou que o mais importante eram as Mães da Praça de Maio e voltou a homenageá-las, esta vez diante de centenas de pessoas.

Emocionado, o trabalhador rural entregou às Mães uma placa, com o emblema do MST de um lado e a “fralda” da Associação Mães da Praça de Maio de outro, em que se lê o seguinte:

“25 Anos de Heróicas Lutas. São 25 anos reafirmando o compromisso revolucionário herdado de milhares de filhos desaparecidos mas sempre presentes em cada homem e em cada mulher que se levanta para lutar por um mundo mais justo e solidário.

São 25 anos rebelando-se contra toda injustiça, lutando contra a impunidade dos crimes cometidos contra o povo e em defesa da luta revolucionária de todos os povos que buscam a libertação.

As valentes e incansáveis marchas iniciadas na Praça de Maio, em 1977, testemunham para a humanidade que nenhuma prisão, nenhum cárcere manterão presas as idéias de Liberdade e de Justiça. E que nenhuma tumba manterá enterrado um Revolucionário, uma Revolucionária. Estes estarão sempre presentes nas idéias, nas lutas, sonhos e esperanças de outros jovens revolucionários.

São 25 anos semeando ideais e valores de uma sociedade democrática, socialmente justa e solidária.

O exemplo de dignidade e da persistente luta revolucionária das Mães da Praça de Maio é um incentivo para a nossa luta.

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
São Paulo, setembro de 2002 ”

“Temos entre 70 e 90 anos, temos aberto um surco em terra muito dura. Na ditadura e com políticos cúmplices, corruptos e ladrões, mas também abrimos o surco. Igual semeamos quando todos diziam que era impossível. Nós não vamos abandonar nunca, consideramos que a única luta que se perde é a que se abandona. Não importa quanto tenhamos que lutar”, disse Hebe de Bonafini ao receber o gesto de solidariedade dos Sem Terra, levantando grandes aplausos no auditório. E logo devolveu a gentileza, que “vocês têm a sorte de ter os Sem Terra, que é o movimento mais bonito, maior e mais generoso que eu conheço”.