Câmara dos Deputados presta homenagem aos 20 anos do MST

A Câmara dos Deputados realiza nesta quinta-feira (19/2), sessão solene em homenagem aos 20 anos de Fundação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que será realizado no Plenário Ulysses Guimarães, às 10 h.

Mais de 200 trabalhadores rurais que estão acampados no Distrito Federal e Entorno participarão da solenidade. O evento também contará com as presenças dos dirigentes Gilmar Mauro, João Paulo Rodrigues, João Pedro Stédile e Roberto Baggio.

Pela primeira vez na história, o Parlamento homenageia um movimento social em Sessão Solene e a convite do presidente da Casa. Na ocasião será exibido um vídeo sobre a trajetória do Movimento e também será cantado o hino oficial do MST.

A iniciativa de se realizar a sessão solene para celebrar os 20 anos de luta e resistência do MST partiu dos deputados Adão Pretto (PT-RS), Chico Alencar (PT-RJ), Lucy Choinack (PT-SC), João Grandão (PT-MS), entre outros.

Durante todo este ano o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra estará comemorando com diversas atividades os 20 anos de luta pela reforma agrária e pela busca de igualdade e justiça social. Graças à luta incansável dos Sem Terra, hoje existem cerca de 5.000 assentamentos, onde ninguém passa fome.

História

O MST foi oficializado 1984, quando um grupo de 80 representantes de organizações camponesas de 13 Estados brasileiros se reuniu em uma igreja próxima à cidade paranaense de Cascavel entre os dias 20 e 24 de janeiro. Nessa reunião foi decidida a criação de um movimento nacional que reunisse os camponeses que, desde o fim dos anos 70, vinham se organizando para reivindicar o acesso à terra que lhes havia sido tirada pelo processo de mecanização que vinha transformando a agricultura brasileira ao longo da última década. Esses camponeses, que já vinham sendo chamados de “sem-terra” pela imprensa, decidiram incorporar a expressão ao nome do movimento e assim fundaram o MST. Hoje, depois de 20 anos o Movimento conta com cerca de 350 mil famílias assentadas, distribuídas em cerca de 5.000 assentamentos, e aproximadamente 150 mil vivem acampadas. Considerando que a média da família brasileira é de quatro pessoas, os militantes do MST chegam a quase dois milhões de pessoas.

Geração de trabalho e renda com a Reforma Agrária

“Os números mostram que a reforma agrária é uma solução para o desemprego no Brasil”. A afirmação é de Ariovaldo Umbelino, doutor em geografia e professor da Universidade de São Paulo (USP). Para ele “o cumprimento da meta estabelecida pelo presidente Lula no segundo Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA) de assentar 500 mil famílias até o final de 2006 poderá gerar 2,5 milhões de empregos no campo”. No MST, atualmente, existem mais de 500 associações de produção, comercialização e serviços; 49 Cooperativas de Produção Agropecuária (CPA), com 2.299 famílias associadas; 32 Cooperativas de Prestação de Serviços com 11.174 sócios diretos; duas Cooperativas Regionais de Comercialização e três Cooperativas de Crédito com 6.521 associados. São 96 pequenas e médias agroindústrias que processam frutas, hortaliças, leite e derivados, grãos, café, carnes e doces, além de diversos tipos de artesanatos. Tais empreendimentos econômicos do MST geram emprego, renda e impostos beneficiando indiretamente cerca de 700 pequenos municípios do interior do Brasil.

Educação

Aliada à produção está a educação: cerca de 160 mil crianças estudam no Ensino Fundamental nas 1.800 escolas públicas dos acampamentos e assentamentos. São cerca de 5.000 educadoras e educadores pagos pelos municípios ou Estados que desenvolvem uma pedagogia específica para as escolas do campo. O setor de educação atua ainda na educação infantil (de 0 a 6 anos), contando hoje com aproximadamente 500 educadores e educadoras. O MST desenvolve um programa de alfabetização de aproximadamente 30 mil jovens e adultos nos assentamentos e acampamentos.

Para desenvolver todo esse trabalho o MST conta com o apoio do Pronera (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária), do Incra/MDA e do Programa Brasil Alfabetizado, do MEC. Além desses, o Movimento é apoiado pela Unesco, pelo Unicef e por mais de 50 universidades.
Atualmente existem 1.500 estudantes do MST em cursos de ensino médio e superior. Há também a formação de técnicos em administração de assentamentos, cooperativas e em magistério para colaborar com o trabalho desenvolvido nos assentamentos através do Instituto de Educação Josué de Castro, localizado em Veranópolis (RS). Cerca de 750 militantes do MST estudam em cursos universitários. Desses, 58 estão cursando medicina em Cuba. Esses foram alguns dos números apresentados durante o encontro para ilustrar as conquistas do movimento nestes 20 anos de história.