MST lamenta a perda de Otavio Ianni, uma referência ideológica e de coerência política

É com grande pesar que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra recebeu a notícia do falecimento do grande intelectual Octavio Ianni. Suas reflexões e coerência política serão sempre nossos objetos de estudo e admiração.

Considerado um dos pais da moderna sociologia brasileira, Ianni faleceu dia 4 de Abril de 2003, aos 77 anos. Ele sofria de câncer havia mais de um ano e estava internado no hospital Albert Einstein desde a segunda-feira (29/03).

Octavio Ianni era professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP), professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde lecionava até há quinze dias atrás, e docente visitante da Universidade de Columbia, em Nova York. Teve os direitos políticos cassados pelo regime militar, em 1969, quando passou a dar aulas no Exterior. Voltando ao País em 1977, tornou-se professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Marxista por formação, o sociólogo Ianni estudou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Discípulo de Florestan Fernandes, a questão racial e, depois, os problemas do desenvolvimento foram temas muito abordados por Ianni. Tornou-se referência nos estudos de ciências sociais, tendo se especializado na análise do populismo, do imperialismo e do globalismo, mantendo sempre uma visão muito crítica, humana e lúcida.

Algumas de suas principais obras são: Cor e Mobilidade Social em Florianópolis (1960, em colaboração); Homem e Sociedade (1961). Metamorfoses do Escravo (1962); Industrialização e Desenvolvimento Social no Brasil (1963); Política e Revolução Social no Brasil (1965); Estado e Capitalismo no Brasil (1965); O Colapso do Populismo no Brasil (1968); A Formação do Estado Populista na América Latina (1975); Imperialismo e Cultura (1976); Escravidão e Racismo (1978); A Ditadura do Grande Capital (1981); Revolução e Cultura (1983); Classe e Nação (1986); Dialética e Capitalismo (1987); Ensaios de Sociologia da Cultura (1991); a Sociedade Global (Eustáquio Gomes); e Enigmas da Modernidade Mundo (2001).

Ianni também se dedicou a estudar o meio rural brasileiro. Veja o texto “A Utopia Camponesa” de sua autoria