Jornada de Agroecologia resgata cultura de sementes crioulas
A III Jornada de Agroecologia, reuniu na cidade de Ponta Grossa, no Paraná, cerca de 4 mil pessoas em oficinas temáticas, manifestações públicas, apresentações culturais, conferências e debates em torno do tema: construindo um projeto popular e soberano para a agricultura camponesa. O evento aconteceu entre 12 e 15 de maio de 2004 e foi promovido por 21 entidades, entre elas o MST, a CPT (Comissão Pastoral da Terra), o MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores) e a Terra de Direitos.
Participaram do evento especialistas e representantes de movimentos camponeses do Brasil, Cuba, México e Argentina. Além do governador do estado do Paraná, Roberto Requião, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva e caravanas vindas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraíba, Mato Grosso do Sul.
O evento teve o objetivo de promover a troca de conhecimentos técnicos e de experiências de manejo agroecológico entre os agricultores e debater, em conjunto com os movimentos sociais, as diretrizes do projeto popular para a agricultura, incluindo aí o combate aos transgênicos, as organizações dos trabalhadores do campo, a educação e a cultura camponesas. Paralelamente às atividades realizadas no Centro de Eventos, a Jornada promoveu feiras de alimentos agroecológicos no centro da cidade e debates com a população de Ponta Grossa.
Os participantes reuniram assinaturas e pediram apoio da população para um abaixo-assinado que reivindica que a Lei de Biossegurança seja baseada na precaução com o meio ambiente e que a liberação dos transgênicos seja competência dos Ministérios do Meio Ambiente e da Saúde.
Sem Terra transformaram área da Monsanto em centro de agroecologia
Em 15 de maio foi realizado um grande ato, que marcou a inauguração oficial do centro chico mendes de agroecologia, instalado em uma antiga área de experimentação de transgênicos da Monsanto. Após a inauguração, ocorreu a exposição de 15 toneladas de sementes crioulas de feijão, milho e arroz, colhidas na antiga área da multinacional.
A ocupação dos 48 hectares do centro de pesquisas de transgênicos da Monsanto, ocorreu após a II Jornada, em julho de 2003. Agricultores familiares e trabalhadores rurais Sem Terra, ocuparam a propriedade e decidiram criar ali, um Centro de Agroecologia que agora, produz sementes crioulas para acampamentos, assentamentos e comunidades rurais de agricultura familiar. Além disso, as famílias cultivam pomares e uma horta comunitária para sua subsistência.
A Monsanto solicitou abertura de inquérito policial e o indiciamento de membros da Jornada de Agroecologia pela ocupação do campo de cxperimentos transgênicos da multinacional. Os cinco integrantes da Jornada :Célio Rodrigues e Roberto Baggio, MST; Darci Frigo, da Terra de Direitos; Joaquim Eduardo Madruga, do Setorial Agrário do Partido dos Trabalhadores e José Maria Tardin, da AS-PTA (Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa), estão sendo acusados dos crimes de dano, furto e esbulho possessório (invasão com uso de violência e ameaça).
As organizações que integraram a Jornada solicitaram vistorias ambientais e de biossegurança à CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), à Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (SEAB-PR) e ao Ministério Público do estado do Paraná nos experimentos da Monsanto no estado. Os técnicos apontaram várias irregularidades. Entre elas, a inexistência de mata ciliar (vegetação ao longo de rios e lagos) e a contaminação do solo por agrotóxicos, inclusive na área que deveria ser de preservação permanente. Os campos experimentais serviam para multiplicar sementes para fins comerciais sem a autorização do governo.
A Jornada de Agroecologia pede sua solidariedade e o envio de carta ou mensagem eletrônica para o Secretário de Segurança Pública do Estado do Paraná para que o Centro Chico Mendes de Agroecologia seja legalmente reconhecido e possa continuar produzindo sementes agroecológias e conservando a biodiversidade.
Endereços para envio de cartas de apoio e solidariedade:
Secretaria de Segurança Pública
Secretário: Luiz Fernando Delazari
Rua Deputado Mário de Barros, 1290
Edifício Caetano Munhoz da Rocha – Centro Cívico
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