Agronegócio vai provocar retomada do êxodo rural, adverte geógrafo
O avanço avassalador do agronegócio, se não for freado em tempo, provocará a retomada do movimento de êxodo rural no Brasil. O alerta foi feito pelo professor Bernardo Mançano Fernandes, pesquisador na Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) da questão agrária, em 4 de junho, durante debate na inauguração da exposição “Horizonte da Fotografia: Memória e Resistência”, de Douglas Mansur, em São Paulo.
“O êxodo rural, que tem se mostrado estável desde meados da década de 90, vai crescer novamente para níveis alarmantes, nesta primeira década do século 21”, advertiu. Para exemplificar as diferenças entre a velocidade da conquista pela terra entre os movimentos sociais e a monocultura exportadora, ele citou um exemplo do Pontal do Paranapanema, em São Paulo, tradicional região de conflitos agrários no País. “O MST demorou uma década para obter 100 mil hectares nos anos 90, mas a soja, que está com um preço muito bom, demorou apenas dois anos para ocupar a mesma quantidade de terra”, denunciou Mançano.
Mançano citou o exemplo da Argentina, onde a expansão “avassaladora” do agronegócio teria levado à extinção os movimentos camponeses. “O agronegócio expulsou todo mundo do campo e reina soberano. Por isso, a Argentina é o único país latino-americano, onde o movimento social mais forte é urbano, e não rural: os piqueteiros”. No México, há os zapatistas; na Bolívia, os cocaleiros, e no Brasil, os sem terra – todos rurais.
Para os movimentos de luta pela terra no Brasil, ele prevê a adoção de uma tática de combate que deve se acentuar, a partir de agora: a ocupação de áreas do agronegócio. “Vão ocupar, e o governo vai espernear”, concluiu Mançano.
Informações do Repórter Social