MST homenageia Brizola, considerado avô do Movimento
O governador Leonel Brizola, que faleceu vítima de um infarto, em 21 de junho no Rio de Janeiro, foi enterrado ontem (24), às 16h, em São Borja (RS). Durante todo o dia, os gaúchos prestaram homenagens ao líder trabalhista. Integrantes do MST do Rio Grande do Sul interromperam uma marcha por Reforma Agrária que realizam desde o início da semana para participar do cortejo. O Movimento estendeu uma faixa com os dizeres “Nosso reconhecimento à luta histórica de Brizola: nacionalismo, educação e Reforma Agrária” em frente ao prédio da Assembléia Legislativa, onde o MST realiza um jejum em protesto contra a lentidão do processo de assentamentos no estado.
Leonel Brizola sempre teve grande proximidade com a luta dos trabalhadores rurais. Promoveu e apoiou o Master (Movimento dos Agricultores Sem Terra), que é um dos antecessores históricos da luta do MST. Quando foi governador do Rio Grande do Sul, na década de 1960, implementou uma política de apoio à organização dos camponeses e à Reforma Agrária, que segundo ele está “subordinada ao princípio de que não se tornará realidade sem a pressão e a presença, nos estudos e debates, das populações rurais devidamente organizadas” (trecho extraído do documento do Igra – Instituto criado por Brizola para promoção da Reforma Agrária).
Segundo cálculos da Brigada Militar, 25 mil pessoas participaram das homenagens a Brizola em São Borja. Além do governador em exercício, Antonio Hohlfeldt, e do presidente da Assembléia Legislativa, deputado Vieira da Cunha (PDT) , uma comitiva de ministros gaúchos representando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aguardava o corpo de Brizola: Tarso Genro, da Educação; Olívio Dutra, das Cidades; Miguel Rossetto, do Desenvolvimento Agrário; além do presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim. O presidente Lula esteve no velório no Palácio do Cadete, Rio de Janeiro. Em Porto Alegre, o presidente interino, José Alencar, participou do velório na manhã de quarta-feira (23).
O caixão de Brizola atravessou a cidade com uma bandeira do Brasil, do seu partido e do MST. João Pedro Stédile, da dirição nacional do MST, enviou carta abaixo em nome dos Sem Terra para o PDT:
“Um abraço de despedida.
Queria muito estar aí, com vocês, nesse momento, para dar um abraço de despedida ao nosso velho guerreiro Brizola. Cultivei com ele, amizade e admiração. Carregarei com orgulho, sempre.
Ele foi um homem público exemplar. Sua vida se confundiu com a histria política de nosso país durante os últimos 60 anos. Ao Llongo de sua vida, sempre nos deu o exemplo, da combatividade e da luta em defesa dos interesses do povo brasileiro e de um projeto nacional.
Viveu com simplicidade e probidade como todos os homens públicos deveriam ser.
Ele partiu, mas com a consciência do dever cumprido e nos deixa um legado histórico para todo povo brasileiro.
Um grande abraço a todos os companheiros e companheiras, em nome de todos os militantes do MST, a quem ele sempre se referia como seus netos, pois na década de 1950 havia ajudado a criar o Master, que foi nosso avô, no Rio Grande do Sul.
Com pesar,
João Pedro Stedile”