Caras amigas e caros amigos do MST

Desde o dia 21 de julho estamos reunidos na Conferência Internacional Dilemas da Humanidade: diálogos entre civilizações, que acontece no auditório da Funarte, no Rio e Janeiro. Esse espaço de diálogo político-filosófico surgiu de uma parceria do movimento com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e faz parte das comemorações dos 20 anos do MST.

Nestes três dias de debates, diversos pensadores de todos os continentes, representando as mais diferentes civilizações, refletiram sobre os dilemas da humanidade, frente à globalização capitalista e aos dilemas que estão colocados para toda a sociedade. Buscamos soluções de melhoria das condições de vida para toda a população e todos os povos.

Cerca de 500 pessoas, estudantes, professores universitários, dirigentes e militantes de movimentos sociais de todo o Brasil participaram desta atividade de formação política com grandes nomes da intelectualidade mundial, como István Mésáros (Hungria), Jesus García Brigos (Cuba), Michel Chossudovsky (Canadá), Michael Löwy e Dany Dufour (França), Lao Kin Chi e Wen Tiejun (China), Milad Alshebani (Líbia), Edgardo Lander (Venezuela), Olivia Muchena (Zimbábue), Bryan Atinsky (AIC-Israel), entre outros.

Do Brasil, contamos com a presença dos companheiros Ricardo Antunes, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); o teólogo Leonardo Boff; Maria Adélia dos Santos, da Universidade de São Paulo (USP); o economista Plínio de Arruda Sampaio e o educador Gaudêncio Frigotto, entre outros.

Durante os debates, aproveitamos para trocar experiências e discutir temas como a questão do trabalho, meio ambiente, desigualdade social, poder popular, cultura e dominação. Ou seja, estudamos assuntos fundamentais para a construção de uma nova sociedade.

Mas algumas pessoas podem pensar: Por que o MST está promovendo essa conferência e o que ela tem a ver com a luta pela Reforma Agrária? Nesses 20 anos do MST acumulamos o entendimento de que é necessário que todos os movimentos sociais se envolvam na construção de uma sociedade mais justa e fraterna. E também defendemos que nossa militância tem de ter acesso às mais diferentes áreas do conhecimento.

Para nosso movimento, em particular, existem três desafios que precisamos enfrentar sempre: o chamado da nossa consciência, que nos deixa impacientes e nos impede de lutar apenas pela terra. Em segundo lugar, sabemos que a questão agrária não será resolvida sem um projeto de desenvolvimento de toda sociedade. Por último, é necessário elevar permanentemente o nível conhecimento e de consciência política de toda militância social de nosso povo.

Durante a Conferência vimos as avaliações dos professores de como se constrói, em todo o mundo, uma sociedade desigual, que exclui a maioria da população e, em especial, os camponeses. Ao mesmo tempo, alguns poucos, vivem muito bem da benesse dos avanços da produtividade do trabalho e da tecnologia. Chegamos a tal ponto que não se trata mais de pensar estratégias para fazer o mundo “voltar aos eixos”, mas sim de construir um caminho novo, baseado na dignidade, na igualdade entre os seres humanos e em princípios ecológicos. Nosso desafio é pensar formas de enfrentar o processo de globalização do capitalismo, com vistas a um sonho que teima em acontecer: um mundo justo, que socialize suas riquezas materiais e culturais.

Por isso, convocamos a sociedade brasileira a pressionar por mudanças e a socializar alternativas. Essa tarefa é dos Sem Terra, dos sem-teto, dos sem-universidade, dos estudantes, dos intelectuais, enfim, de todos nós. Sem isso, como alertou o companheiro Leonardo Boff, continuaremos caminhando para a escuridão.

Saudações fraternas,
Secretaria nacional do MST

Breves

MST do Paraná realiza Semana Nacional de Reforma Agrária

Encerra hoje, 23 de julho, a Semana Nacional de Luta pela Reforma Agrária que reuniu trabalhadores Sem Terra do Paraná e vários movimentos sociais, autoridades e convidados, em Curitiba, para reivindicar a agilização das políticas agrárias e pressionar o governo federal para que cumpra a meta de assentar 530 mil famílias até o final de 2006. Durante os três dias de debates, no teatro da reitoria da UFPR, palestrantes como Paulo Roberto Curvelo Lopes, economista e educador da Universidade de Juiz de Fora (MG); Sebastião Pinheiro, ambientalista, engenheiro agrônomo e professor da Universidade do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Cesar Benjamin, assessor de movimentos sociais e integrante da coordenação nacional do Movimento Consulta Popular, discutiram os temas: “Brasil que temos e o Brasil que queremos”, “Agronegócio x Agricultura Camponesa” e “O governo Lula e os Movimentos Sociais”.

MST e UFPR implantam curso de agroecologia para Sem Terra

Com o objetivo de formar técnicos para trabalhar nos assentamentos e acampamentos do MST, foi assinado um convênio entre o Movimento e a Universidade Federal do Paraná (UFPR) para implantação do curso técnico em agropecuária, com ênfase em agroecologia. Atualmente, estão em andamento três turmas, num total de 116 educandos. Estão em fase de negociação mais dois novos curso, integrados com o ensino médio, em Agroecologia e Saúde Comunitária, que irão funcionar no Instituto Técnico de Educação e Pesquisa da Reforma Agrária (ITEPA), em São Miguel do Iguaçu.

Acampamento carioca comemora 20 anos de existência

O Acampamento Campo Alegre, no município de Queimados, Rio de janeiro, comemorou com festa seus 20 anos de existência e resistência, em 17 de julho. O acampamento – cuja regularização da posse ainda não saiu – tem a mesma idade do MST. Campo Alegre foi a primeira grande ocupação no Rio de Janeiro, lá vivem 600 famílias, distribuídas em uma área em torno de 2 mil hectares. O estado tem hoje 19 acampamentos e 17 assentamento do MST.

Cartas

Tenho uma profunda admiração pelo MST. Trata-se do maior movimento de transformação social de toda a história brasileira. Alguns acusam o MST de movimento radical, como um lamentável âncora da TV brasileira. O realidade é que nossas elites, ganciosas, corruptas e indiferentes às profundas injustiças sociais nunca cedem à força dos argumentos para manterem sua situação secular. Parabéns MST pela luta por um Brasil justo, solidário e fraterno. Estou com vocês. Ivan Fassheber

Parabéns pelo belo trabalho de luta contra este sistema cruel e excludente. Precisamos de movimentos assim, de cunho revolucionário, para podermos ter, não só no Brasil, mas mundo afora, uma sociedade justa onde todos possam ter acesso à melhore condições de vida. Rubens

Acredito na Reforma Agrária e gostaria de ajudar os militantes do MST, principalmente as crianças dos assentamentos rurais. Bruno Augusto Valverde Marcondes de Moura