200 Famílias da Comuna da Terra são despejadas pela PM de São Paulo

Ramon Koelle, Yamila Goldfarb e Melina Rangel

No último dia 9 de setembro 200 famílias de Trabalhadores Rurais Sem-Terra foram despejados pela polícia militar do Estado de São Paulo, da Fazenda São Luiz, município de Cajamar. A ação começou por volta das 5 horas da manhã com o acampamento sitiado pela tropa de choque da PM. Frente a enorme força bélica da polícia, os acampados decidiram não resistir. As famílias desmontaram os barracos que puderam e foram expulsas da área, deixando para trás suas hortas, barracos e todas as melhorias que haviam feito na área, antes totalmente abandonada. Após as famílias saírem, um trator destruiu as plantações.

As famílias foram removidas de ônibus para um outro acampamento do MST que fica próximo de onde estavam, formando assim um grande acampamento com aproximadamente 300 famílias.

O contexto

O objetivo desses trabalhadores é conseguir a desapropriação da antiga Fazenda Mian, hoje denominada Fazenda Matarazzo e Fazenda São Luiz.

A Fazenda Matarazzo, localizada no Município de Pirapora do Bom Jesus não cumpre a função social da terra prevista na constituição Federal de 1988. São 955,9 hectares sendo que 534 são aptos à agricultura, podendo ser destinada ao Programa Nacional de Reforma Agrária. Numa área dessa grandeza podem ser assentadas cerca de 180 famílias, segundo a proposta de assentamento Comuna da Terra. Hoje, essa fazenda possui apenas enormes plantações de eucalipto.

Crime ambiental

Parte dessas terras encontram-se em Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra do Japi. As APAs são áreas submetidas ao planejamento e à gestão ambiental e destinam-se à compatibilização de atividades humanas com a preservação da vida silvestre, proteção dos recursos naturais e melhoria da qualidade de vida da população local. Elas permitem a experimentação de novas técnicas e atitudes que possibilitem conciliar o uso da terra e o desenvolvimento regional com a manutenção dos processos ecológicos fundamentais.

No entanto, a monocultura do eucalipto não possibilita o aumento ou mesmo a permanência da biodiversidade na área próxima à APA, já que a dispersão de sementes não é garantia.