Uma opção pelo povo brasileiro

Caros amigos e amigas do MST,

Em 2002 elegemos Luiz Inácio Lula da Silva presidente do Brasil. Foi a primeira vez que um representante do povo, liderança da classe trabalhadora, assumiu o comando da nação. Mas já durante a campanha eleitoral, no lançamento da Carta aos Brasileiros, demonstrava-se a intenção de garantir aos credores internacionais e ao mercado brasileiro medidas semelhantes às que marcaram o governo Fernando Henrique Cardoso.

Mesmo com essa sinalização, o povo brasileiro se encheu de esperança e expectativas e votou em Lula pela mudança nessa política econômica. Com o passar dos meses, as perspectivas de mudanças em prol da justiça social foram diminuindo conforme os juros aumentavam. Ficou nítida a opção por uma política claramente neoliberal, baseada na alta de juros – a taxa básica, Selic, se mantém em 19,75% e é considerada a maior do mundo – , no estímulo às exportações e na garantia do superávit primário, que deve atingir R$83 bilhões em 2005. Os recursos para a Reforma Agrária, a educação, a saúde, o saneamento e a infra-estrutura do país foram para segundo plano.

Por outro lado, a política externa de diálogo com a Venezuela de Hugo Chávez e as mobilizações populares no Equador e na Bolívia, deixavam o capital transnacional e o governo estadunidense de George W. Bush inquietos.

Para acalmá-lo e garantir o funcionamento do governo, alianças com setores conservadores da política e da sociedade, inclusive a imprensa, foram firmadas. A base do governo não era mais apenas os movimentos populares e a sociedade civil, apesar da experiência histórica demonstrar que o Congresso Nacional jamais deixou de aprovar um projeto que conseguiu obter apoio na opinião pública.

Com as denúncias de corrupção divulgadas nas últimas duas semanas, o circo foi armado. A elite utilizou as declarações de Roberto Jefferson (PTB), da base governista, para criar uma cortina de fumaça e enfraquecê-lo, levantando até a possibilidade de impedimento.

O Movimento Sem Terra defende a apuração de todas as denúncias, até as últimas conseqüências. Mas está claro que a direita utilizou a situação para antecipar o calendário eleitoral. Ou eles investem de vez no enfraquecimento do governo e partem para a consolidação de uma candidatura, ou fazem um novo pacto, com o estabelecimento de políticas mais à direita e sem alteração na economia. Um exemplo claro é a proposta de privatizar os Correios como forma de evitar a corrupção, seguindo assim os ditames das mudanças neoliberais.

Somos contra a corrupção, mas também somos contra esse golpismo. Por isso, defendemos a apuração de todas as denúncias do governo Lula e dos governos anteriores, principalmente FHC.

Este é um momento de decisão. Trata-se de uma disputa de projetos. O governo pode ampliar a política que vem aplicando até agora ou pode vir para o lado do povo, retomar seus compromissos de campanha com os 53 milhões de brasileiros e brasileiras que o elegeram. Precisamos ir para as ruas, mostrar o apoio às decisões de mudanças na política econômica e a prioridade do cumprimento dos direitos sociais. Vamos exigir do governo demonstrações de que está ao lado do povo com a democratização e a defesa das empresas estatais e dos direitos sociais, a favor das reformas políticas democráticas e da Reforma Agrária!

Forte abraço,

Secretaria Nacional do MST.

Breves

Mobilização em Goiânia

Em 1° de julho, durante o Congresso da União Nacional dos Estudantes, a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) realiza passeata contra o contra o golpismo, a corrupção e por mudanças na política econômica.

Justiça do Pará decide pela manutenção de liminares que desabrigam 10 mil famílias

Judiciário do Pará decidiu pela manutenção das liminares de reintegração de posse no sudeste do estado. Essa é a maior operação contra trabalhadores e trabalhadoras rurais: mais de 20 mil pessoas serão desabrigadas. Entre as fazendas escolhidas, estão áreas em processo de desapropiação, já constatadas como improdutivas, e que utilizam trabalho escravo.

Cartas

Quero dizer como foi importante para mim participar da Marcha Nacional, aprendi muitas coisas, conheci muitas pessoas, foi um tempo de aprender como somos fortes e que temos que lutar pelo que sonhamos. O sonho não pode ser apenas um sonho. Joana Darck.

Companheiros Sem Terra, Um reconhecimento e um respeito ainda maior por sua luta, que como todas, é constante. A América Latina unida jamais será vencida. “Haverá Pátria para Todos”. Hugo.

Companheiros e companheiras, estamos juntos na luta pela a Reforma Agrária. O MST hoje é um dos movimentos mais organizados do mundo! Erivando.