Após cercar acampamento, policiais prendem cinco Sem Terra em Andradina (SP)

As 250 famílias Sem Terra que ocuparam em 16 de junho a Fazenda Lagoão, em Itapura, interior de São Paulo, foram despejadas hoje sem que tivessem recebido notificação prévia da possibilidade de reintegração de posse. Cinco pessoas foram presas por terem orientado as famílias a não desmontar os barracos.

A tropa de choque cercou o acampamento pela manhã e exige que os Sem Terra se desloquem para área a 20 km da fazenda, sem ao menos permitir que o acampamento fique nas margens da rodovia mais próxima.

É comum em procedimentos jurídicos desta natureza que as famílias acampadas sejam avisadas com antecedência da possibilidade de reintegração de posse e despejo, para que estas possam avaliar sua situação. No acampamento de Itapura, no entanto, a notificação não ocorreu e a tensão aumenta.

“A tropa de choque cercou o acampamento desde às 8h de hoje e estamos numa situação de despejo sem direito algum à defesa”, afirma Simone Tomaz, da direção estadual do MST de São Paulo.

As famílias que participaram da ocupação da Lagoão estavam acampadas no entorno da fazenda há quatro anos esperando pela liberação da área. Os Sem Terra decidiram entrar na área para pressionar o poder judiciário a encaminhar uma emissão de posse, uma vez que a desapropriação já saiu.

“A emissão de posse é a fase final de um processo de desapropriação, para se chegar nela é preciso uma vistoria que ateste improdutividade da área, o que já aconteceu na Lagão”, explica Simone. Recentemente, o latifúndio foi decretado improdutivo em laudo técnico, que atestou interesse na desapropriação para fins de Reforma Agrária.