RS comemora novo assentamento
Após dois anos da primeira ocupação, 102 famílias Sem Terra comemoraram no sábado (01/04) sua entrada na área de 1.600 hectares do Assentamento Terra Tombada, em Nova Santa Rita (RS).
O evento teve a presença de representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de militantes que participaram da negociação.
O Incra informou que já começou a divisão dos lotes e que pretende investir em infra-estrutura no local. Por enquanto, os agricultores estão vivendo em barracas de lona, sem estradas nem água encanada.
Luta
Em um estado em que pouco mais de 200 famílias foram assentadas em três anos de governo Lula, a conquista do assentamento Terra Tombada foi fruto de um intenso processo de luta que começou em 2004. Neste ano, a área foi adquirida em leilão pelo Incra, mas diversas decisões judiciais foram impedindo o assentamento das famílias.
Dois grupos empresariais disputaram a área neste período: o empresário do ramo de transportes Osório Biazus, que arrendava a área, e o Grupo Zaffari, que participou do leilão e tentou, através de liminares, impedir a concretização da compra pelo Incra. As famílias que lutavam pela terra chegaram a ocupar um supermercado da rede, para denunciar o Grupo Zaffari por impedir o assentamento em nome de interesses privados. Mesmo depois da Justiça ter confirmado o Incra como vencedor do leilão, as famílias ainda tiveram que pressionar o governo do estado para que liberasse recursos para a compra da área em parceria com o órgão federal.
O atraso por parte dos governos estadual e federal e do Poder Judiciário resultou em uma tragédia: no dia 29 de outubro do ano passado, Marisa Cardoso Lourenço, de 12 anos, morreu atropelada quando atravessava a rodovia, ação rotineira na vida dos acampados, que moram às suas margens.