Mulheres chilenas criticam repressão do governo
A ANAMURI (Associação Nacional de Mulheres Rurais e Indígenas) enviou uma carta à presidente do Chile, Michelle Bachelet para expressar sua indignação e preocupação com a repressão brutal sofrida pelos estudantes secundaristas do país.
Na terça-feira (30/05), mais de 600 mil estudantes fizeram paralisações por melhores condições na educação pública. Eles protestaram contra a lei que transmite a responsabilidade da educação da esfera federal para a municipal, em vigor desde a ditadura de Augusto Pinochet. A mobilização foi a maior vista no país desde 1972, quando o socialista Salvador Allende ainda era presidente. Mais de 300 pessoas foram presas e 12 estudantes ficaram feridos em confrontos com a polícia.
“Nos parece perigoso o discurso de ‘aplicar todo rigor da lei’ que vem do palácio do governo e, de alguma forma, se torna uma volta ao antigo Estado repressor que pensamos que já estava superado”, dizem as mulheres.
A repressão já havia sido violenta nas manifestações anteriores. “Meninas estudantes, entre 12 e 17 anos, denunciaram que foram vítimas de abuso sexual por parte dos policiais. Elas foram obrigadas a ficar nuas e suportar uma exploração que não só remontam a práticas ditatoriais, onde o corpo da mulher é tomado com violência, usurpado e agredido para não apenas denegrir as detidas, mas para obter prazer de seus carrascos. Exigimos que essa prática de repressão contra meninos e meninas não fique impune”, dizem.
A ANAMURI, que faz parte da Via Campesina Internacional, reivindica que o governo investigue as práticas de infiltração e manifestações. “As mulheres rurais e indígenas da ANAMURI exigem justiça”, finaliza o documento.