ONU recebe denúncia de violação de direitos humanos em Coqueiros (RS)

Por Raquel Casiraghi
Fonte Agência Chasque

O Relator Nacional para os Direitos Humanos à Alimentação, Água e Terra Rural, Flávio Valente, enviou uma nota ao relator especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para os Direitos Humanos, Jean Ziegler, pedindo que tome providências e que divulgue no exterior os casos de violações aos direitos humanos sofridas pelos Sem Terra acampados em Coqueiros do Sul (RS).

Valente também enviou cópias dos documentos e da filmagem feita pelos Sem Terra, que mostra a queima de alimentos, a noite de tortura em que as famílias foram submetidas a intensos barulhos e as ofensas realizadas pelos policiais.

Para o relator, as imagens e os depoimentos comprovam, mais uma vez, a criminalização dos movimentos sociais e da sociedade civil organizada no Brasil.

“Realmente é inaceitável, é uma situação absurda. É fundamental que haja uma investigação urgente do caso, a identificação dos responsáveis e medidas que sejam tomadas, tanto na punição dos responsáveis como em evitar que acontecimentos como este possam ocorrer. Existem estados que, independentemente da questão política, têm treinado seus funcionários pra fazer uma negociação de conflitos totalmente diferente da que foi feita no Rio Grande do Sul”, afirma Valente.

Na nota entregue à ONU, o relator descreveu as denúncias feitas pelos integrantes do MST e a morosidade do Ministério Público Estadual, especialmente a comarca de Carazinho, em investigar o caso. Ao mesmo tempo, ele ressaltou o papel conivente da mídia, na medida em que não abre espaço para divulgar as ações arbitrárias do estado.

A mesma nota e cópias dos documentos e da filmagem foram entregues para o secretário especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, e para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Atualmente cerca de 400 famílias vivem no acampamento em Coqueiros do Sul. Elas reivindicam a desapropriação da Fazenda Guerra para Reforma Agrária. Desde o mês de março, os acampados relatam constantes agressões verbais e psicológicas, repressão violenta a manifestações e o bloqueio da entrada e saída do acampamento pela polícia local.