Comitê quer anular privatização da Vale e aponta governo como culpado pela venda
Por Marina Mendes
Fonte Agência Notícias do Planalto
“O réu neste processo que pede a anulação da venda da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) é o governo federal, que criou os mecanismos para a privatização”. A afirmação é de Charles Trocate, da direção nacional do MST e integrante do Comitê Estadual do Pará pela anulação da venda da empresa. As suspeitas de irregularidades no processo de privatização da Vale em 1997 fizeram com que a desembargadora federal, Selena Maria Almeida, reabrisse o caso para investigação. A empresa foi vendida por R$ 3,3 bilhões, valor semelhante ao lucro líquido da Vale em um trimestre de 2005.
Estão sendo apurados o volume total de reservas de minério de ferro que pertencem à Companhia e o processo de avaliação de seu patrimônio, feito pela corretora Merril Lynch. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) – que financiou a compra com dinheiro público e o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, também são considerados réus no processo.
Para o dirigente do MST, a conscientização e participação da sociedade são fundamentais para pressionar a investigação do caso e também das relações da empresa com a sociedade.
“A primeira grande tarefa nossa é desalienar a sociedade em relação aos que eles conhecem da Vale. Como a maior empresa mineradora, maior empresa privada mineradora do mundo, maior empresa privada que investe no Brasil e no social. Nós queremos fazer um debate para que a sociedade possa conhecer e participar, que o debate ganhe sentido na sociedade e que a sociedade ajuda a Vale a mudar o seu comportamento”.
Segundo Trocate, a empresa provoca erosões e expulsa comunidades indígenas e camponesas de suas terras para a expansão mineral da Vale do Rio Doce.
A Companhia atua em 14 estados brasileiros e possui estratégicas jazidas de minérios, como urânio, ouro, cobre, manganês e outros.