Brasileiros são os principais latifundiários na Bolívia
Por Raquel Casiraghi
Fonte Agência Chasque
Além de ser alvo dos malefícios gerados pelo agronegócio, o Brasil também exporta este modelo para outros países da América Latina. A Bolívia é um exemplo. De acordo com informações do Fórum Boliviano sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, o Fobomade, apenas 100 famílias controlam todo o território agrícola do país. Quase a metade destes são brasileiros, com destaque para o gaúcho Ricardo Cambruzzi e para Ricardo Wazilewski. O principal cultivo adotado é a monocultura da soja.
Eufrânio Herrera, camponês da Província de Santa Cruz, na Bolívia, conta que no início da década de 90, boa parte das terras estavam baratas e não eram ocupadas para a agricultura. Situação que chamou a atenção dos latifundiários do Brasil, os quais receberam incentivos fiscais de governos anteriores ao atual, de Evo Morales. O camponês ressalta que em diversos municípios de Santa Cruz os grandes produtores não pagaram impostos por muitos anos.
Os latifundiários brasileiros também são proprietários da maioria das empresas que vendem sementes e agroquímicos e emprestam dinheiro aos pequenos agricultores do país. Dados do Fobomade mostram que, de todas as empresas de agrotóxicos existentes na Bolívia, 80% pertencem aos nossos conterrâneos.
Herrera ainda aponta que além de degradar o meio ambiente, este sistema do agronegócio deixa os agricultores familiares dependentes de um setor cada vez mais monopolizado. Ele afirma que Cargill e Monsanto, as principais multinacionais do país, estão aliadas aos latifundiários, dificultando a própria existência da agricultura camponesa boliviana.