Educandos de escola itinerante sonham com futuro melhor para acampados

Fonte Agência Estadual de Notícias

A esperança de um futuro melhor e de garantir dias mais dignos, move a busca pela educação das crianças que vivem no acampamento Elias Gonçalves de Moura, do MST em Planaltina do Paraná, região noroeste do Paraná.

Os alunos acordam cedo todos os dias e demonstram motivação quando chegam ao local de estudo, a poucos metros das barracas. Esta é uma das 11 escolas do projeto Escola Itinerante, promovido pela Secretaria da Educação, em parceria com o MST.

Com seis salas de aula e 13 educadores – todos da comunidade – a escola atende cerca de 100 educandos, com faixa etária de 5 a 14 anos. “Temos aqui, desde o ensino infantil básico até a 4ª série”, explica a coordenadora do setor de educação do acampamento, Fátima Knopf. “O fato de os educadores serem do acampamento é fundamental para a continuidade dos trabalhos no caso do grupo ter de mudar de local”, acrescenta.

Outra facilidade para as crianças e educadores está no calendário, que não é fixo, o que evita a evasão escolar, segundo a coordenadora. Mesmo com essa mobilidade, os alunos nunca têm menos do que os 200 dias letivos previstos por ano. “Geralmente conseguimos superar essa marca”, destaca Fátima.

Orgulhosa com o trabalho da comunidade na escola, Fátima faz questão de mostrar a construção de mais duas salas de aula. Locais que serão utilizados para atividades extras, como oficinas de artes. “Nós queremos que as crianças realmente aprendam. E, com os educadores disponíveis no acampamento, o estudo fica mais próximo delas”, conclui.

Esperança

A dedicação dos coordenadores e educadores à escola reflete no comportamento dos alunos. Atenta, a pequena Joice Moreira Ferreira faz questão de sentar na primeira fila para não perder nada das aulas. Os educadores servem de exemplo para a menina, que cursa a 3.ª série e já morou em Nova Londrina e em cidades do interior de São Paulo. “Quero ser professora para ajudar as outras crianças”, afirma.

Sonhos de futuro melhor também movem Janete do Rosário. Com 12 anos de idade e cursando a 4ª série, ela responde de primeira quando perguntada sobre qual profissão pretende seguir. “Quero ser advogada”, diz. E, ao ser questionada sobre o motivo dessa escolha, a menina mostra mais personalidade: “Para lutar pelos direitos dos sem-terra e dos pequenos agricultores”. Janete conta que boa parte do que aprende na escola repassa em casa para os pais.

O educador Isaías Lino Marques explica que a atitude de Janete, de dividir com os pais o conhecimento adquirido, é prática comum entre as crianças do acampamento. “O convívio diário e constante é bom para eles e bom para quem está educando. Todos estão ao lado da escola, não há distâncias que atrapalhem”, ressalta.

Professor de alunos da 3.ª série, Isaías destaca a importância do programa Escola Itinerante para o dia-a-dia das crianças e do acampamento. “É um projeto fantástico, que veio beneficiar, e muito, as crianças que não têm condições de se deslocar do acampamento para a cidade. A educação, assim, chega a todos”, diz.

Ele é um dos 13 educadores do acampamento. Segundo a coordenadora Fátima, todos são orientados a buscar o aperfeiçoamento profissional. “Aqui, temos dois educadores com magistério e mais dois cursando pedagogia. E já temos um planejamento para que os outros educadores invistam em sua formação”, informa.