Antônio Cândido participa de inauguração da biblioteca da Escola Nacional Florestan Fernandes

No último sábado, 5 de agosto, uma grande comemoração marcou a abertura oficial da biblioteca da Escola Nacional Florestan Fernandes. Cerca de 150 pessoas estiveram presentes no ato de abertura da biblioteca que contou com a participação do professor emérito da Universidade de São Paulo, Antônio Cândido, da professora Heloísa Fernandes e de João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST.

O ato de inauguração prestou uma homenagem ao intelectual e crítico literário, Antônio Cândido. Na inauguração da ENFF, em janeiro de 2005, Cândido não pôde estar presente, mas enviou um depoimento em vídeo. “Finalmente ergueu-se a voz que faltava: o do trabalhador e da trabalhadora da terra”, afirmou na ocasião.

Professora da USP e colaboradora ativa da ENFF, Heloisa Fernandes, durante sua fala fez uma pequena introdução sobre a grandiosa trajetória de vida e de trabalho de Cândido, um dos patronos da escola. Em 1954, em sua tese de doutorado, que resultou no livro Os parceiros do Rio Bonito, Cândido já defendia a Reforma Agrária, algo não muito comum nas ciências sociais da época.

Durante sua exposição, Cândido destacou a importância do livro na vida do ser humano. “O livro mata a fome da cabeça, serve para a instrução e para a imaginação, direitos tão importantes quanto a alimentação”.

O professor emérito da USP, defendeu também que o MST possui um grande significado histórico para o Brasil, pois representa uma grande força popular que mostrou que o trabalhador e a trabalhadora rural têm plena capacidade de reivindicar politicamente suas necessidades. “Somente a partir do Movimento que se pode dizer que toda a nação brasileira está representada, pois a voz da classe trabalhadora do campo sempre foi silenciada. O drama do Brasil é que, seja de esquerda ou de direita, quem fala sempre somos nós: pessoas nascidas em famílias de classe média, que puderam estudar, que tiveram acesso ao conhecimento. Mas graças ao MST isso está mudando”.

Afetividade socialista

A biblioteca é fruto do que Cândido chamou de afetividade socialista, já que foi a solidariedade e o trabalho voluntário de militantes do MST, estudantes, professores universitários e colaboradores do Movimento que possibilitou a conquista, a organização e a catalogação do acervo da biblioteca que tem uma capacidade para 40 mil livros e periódicos. Atualmente a biblioteca conta com 17 mil publicações em suas estantes. Praticamente todos os livros são frutos de doação.

“A biblioteca faz parte da metodologia da escola. É um espaço para a reflexão crítica dos dirigentes e militantes do MST e outros movimentos sociais. Um local para a produção e a socialização dos novos conhecimentos. Ela está em permanente construção, assim como a Escola”, afirmou Adelar Pizetta, integrante da coordenação pedagógica da ENFF.

O acervo da biblioteca permanece em construção. Por isso, a doação de livros permanece aberta. Temas como agroecologia, história, geografia e literatura são bem vindos. Na cidade de São Paulo, quem quiser fazer a doação deve encaminhar os livros e periódicos para a Secretaria Nacional. O endereço é:

Alameda Barão de Limeira, 1232
Campos Elíseos cep: 01202-002

Em outros estados, é preciso entrar em contato com as secretarias estaduais ou enviar uma mensagem para [email protected]

A Escola Nacional Florestan Fernandes promove também uma campanha de solidariedade, já que enfrenta problemas financeiros. Por isso, quem puder colaborar com qualquer quantia pode fazer o depósito na seguinte conta:

ENFF
Banco Itaú
Agência 0240
Conta Corrente 73166-1