Polícia faz despejo violento em Campos
As polícias Militar, Federal e Civil se uniram a madrugada de segunda para terça-feira para despejar violentamente 70 famílias do acampamento Oziel Alves, localizado no complexo da antiga usina açucareira Cambayba, em Campos dos Goytacazes.
A reintegração de posse foi marcada pela truculência e um acampado foi atropelado na ação. Os lavradores não foram informados do despejo, apesar de existir um acordo entre a Ouvidoria Agrária, a Justiça e os órgãos policiais de informar dessas operações.
Crianças, homens e mulheres foram expulsos sob agressões físicas e morais e ainda tiveram suas casas e plantações destruídas. Foi uma agressão aos direitos civis fundamentais das famílias.
A tática usada pelas polícias foi semelhante à usada em operações de apreensão de armas e drogas. Os trabalhadores organizados que fazem a luta social no campo foram tratados como criminosos. As famílias sequer tiveram acesso à decisão da Justiça Federal de Campos dos Goytacazes de executar a reintegração de posse.
Surpreendidas com a aproximação de viaturas policiais a partir das cinco horas da manhã, os Sem Terra formaram um cordão de isolamento para proteger a entrada da fazenda Saquarema, onde fica o acampamento, de forma pacífica.
Os carros das polícias cercaram todos os acesso do antigo complexo canavieiro e, Por volta das seis horas, três viaturas da PM avançaram sobre os lavradores. A viatura Patamo 0048, dirigida por um policial, acelerou em direção aos trabalhadores rurais e atropelou três acampados.
O Sem Terra José Cláudio Barbosa teve várias escoriações e precisou ser internado. Os outros dois tiverem ferimentos leves. No hospital, Barbosa foi isolado pela Polícia Federal e proibido de receber visitas. Ele continua sob observação médica.
As famílias que sofreram a ação relataram que a Polícia Militar disparou tiros para o alto e lançou uma bomba de gás lacrimogêneo contra as famílias acampadas. Dezenas de homens e cães fizeram intimidações. Os policiais tomaram as ferramentas de trabalho dos lavradores e ordenaram que retirassem seus objetos pessoais das casas.
As plantações e as casas de cada lote estão sendo destruídos. As famílias foram recebidas em um assentamento no próprio complexo. O acampamento Oziel Alves existe há seis anos e o processo de desapropriação está em andamento desde 1998. No começo do mês, o presidente do Incra Rolf Hackbart esteve em outra fazenda do complexo, a Fazenda Nossa Senhora das Dores, onde participou da criação do assentamento de 30 famílias.