Sem Terra cobram investigação de urnas falsificadas no TRE

Na sexta-feira (22/9), uma comissão de famílias Sem Terra se reuniu com o desembargador do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) José Antonio Vidal Coelho para cobrar da Justiça Eleitoral a investigação das urnas eleitorais apreendidas pela Polícia Federal, na fazenda do deputado federal José Mohamed Janene (PP-PR).

A fazenda Três Jota, que fica no distrito de Guaravera, município de Londrina (PR), está ocupada por cerca 700 Sem Terra desde 15 de setembro. As trabalhadoras e os trabalhadores ficaram surpresos ao encontrar no local quatro urnas eleitorais falsificadas, cartazes de campanhas políticas, bonés e fitas de vídeos.

As urnas desse tipo são utilizadas para o treinamento de eleitores para votar em candidatos para o legislativo e para o executivo.

Diante da gravidade dos fatos que envolvem o deputado Janene, o MST espera que os tribunais eleitorais investiguem mais esse crime e que, além disso, as terras adquiridas por meio de dinheiro da corrupção sejam destinadas à Reforma Agrária. O deputado federal Janene deve perder o mandato, os direitos políticos e devolver o dinheiro desviado aos cofres públicos.

A ação das famílias Sem Terra pretende denunciar o desvio de dinheiro público para o acúmulo de patrimônio e especulação imobiliária. Antes da eleição para deputado em 2002, José Janene estava falido e suas empresas declararam rendimento zero à Receita Federal. Depois, entre 2003 e 2004, o parlamentar e sua mulher adquiriram 10 fazendas no Paraná.

Contexto

José Janene é acusado de ser beneficiário de R$ 4,1 milhões sacados pelo seu assessor, João Cláudio Genu, das contas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza. O deputado é réu em 13 ações civis públicas na Justiça paranaense.

Ele estava falido e suas empresas declararam rendimento zero à Receita Federal antes da eleição para deputado em 2002. Depois, entre 2003 e 2004, ele e sua mulher, Stael Fernanda, se tornaram proprietários de 10 fazendas no Paraná. Outros imóveis e uma frota de carros importados avaliados em cerca de R$ 7 milhões também foram adquiridos.

Também há 11 inquéritos e uma ação penal contra o parlamentar no STF (Supremo Tribunal Federal). Os bens de Janene, de sua mulher e de dois assessores (Meheidin Jenani, primo do parlamentar e Rosa Alice Valente) foram bloqueados pela Justiça pela 2ª Vara da Justiça Federal, em Curitiba.

Na Câmara dos Deputados, Janene sofre um processo de cassação, que deve ir ao plenário apenas no próximo ano. Além disso, o deputado está tentando se aposentar por invalidez.

O MST ocupou a fazenda do deputado federal José Janene para denunciar o desvio de dinheiro público por políticos para o acúmulo de patrimônio e especulação imobiliária, especialmente fazendas.