MST ocupa terras devolutas no Pontal do Paranapanema

O MST mobilizou 300 lavradores para realizar a ocupação de três fazendas em terras devolutas, na região do Pontal do Paranapanema, extremo-oeste de São Paulo, nesta quarta-feira (25/10).

Os trabalhadores vão permanecer nas áreas até que as terras, que pertencem ao poder público e estão sendo usadas ilegalmente para fins particulares, sejam retomadas para se transformem em assentamentos da Reforma Agrária.

Foram ocupadas as fazendas São Luís, de 720 hectares, em Presidente Prudente; Santa Cruz, de 500 hectares, em Mirante do Paranapanema; e São José, de 1000 hectares, em Teodoro Sampaio. Na média, cada hectare equivale a um campo de futebol.

“Nós nunca vamos dar, de nenhuma maneira, trégua para nenhum dos governos, seja estadual seja federal”, disse o integrante da coordenação estadual do MST Valmir Ulisses Sebastião, depois das ocupações.

Depois da ação, Itesp se comprometeu em adquirir quatro áreas para assentar cerca de 200 famílias da região. Mais de 1500 famílias ligadas ao movimento estão acampadas no Pontal.

História da região

O Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo) é a segunda região mais pobre do Estado. A estrutura fundiária está baseada em latifúndios e em terras pertencentes ao Estado, utilizadas para pastos.

Os latifundiários, responsáveis pelo atraso na região sempre agiram com truculência. No início desorganizados, amparados por títulos falsos, defendiam suas supostas propriedades expulsando os trabalhadores de forma violenta. Hoje, “mais organizados”, contratam milícias armadas, reforçam seu poder de fogo e patrocinam a perseguição e a prisão dos trabalhadores rurais sem terra.

O MST começou a se organizar na região a partir de 1990. Desde então, vem denunciando e lutando contra as barbáries cometidas pelos latifundiários que têm a conivência do Poder Judiciário local.

Todos esses conflitos têm uma única causa: a falta de vontade e responsabilidade política do Governo do Estado. No Pontal existem 1 milhão e 200 mil hectares de terras devolutas. Basta que o Estado cumpra seu papel, fazendo a devida distribuição às famílias acampadas.

Apesar de toda perseguição, os trabalhadores ergueram a bandeira da Reforma Agrária e conquistaram diversas áreas. Hoje são mais de seis mil famílias assentadas – cerca de 20 mil pessoas. E ainda existem no Pontal cerca de 1300 famílias acampadas, lutando pela realização dos assentamentos.