Caso Vicente Cañas: apesar de júri sentenciar que houve assassinato, réu é inocentado

Por Priscila Carvalho
Fonte: Cimi (Conselho Indigenista Missionário)

Foi proferida na madrugada deste domingo, 29, a sentença do júri popular para o primeiro julgamento relacionado à morte do assassinato do missionário do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Vicente Cañas Costa, ocorrida em 1987. Os jurados decidiram que houve assassinato mas inocentaram o réu, o delegado aposentado da Polícia Civil, Ronaldo Antönio Osmar, acusado de mandante do crime.

O procurador da República Mário Lúcio Avelar afirmou que recorrerá ao Tribunal Regional Federal em Brasília. Ele insiste na acusação. “Houve um consórcio de fazendeiros e de grileiros que se valeu de um agente do Estado [o delegado] para executar o crime”, disse.

Os jurados entenderam que Cañas foi realmente assassinado, mas inocentaram o delegado. “Ao apreciar os quesitos, [o júri] concluiu, por 4 votos a 3 e 5 votos a 2, que Vicente Cañas foi vítima de homicídio. Entretanto o mesmo conselho, por 6 a 1, conclui que o acusado Ronaldo Osmar não concorreu para a prática deste crime”, informou o juiz federal Jeferson Schneider sobre a decisão dos jurados.

“A experiência mostra que, quando há policiais envolvidos nos julgamentos, é muito difícil que se conclua pela culpa”, afirmou a advogada Michael Mary Nolan, que também atuou na assistência de acusação do julgamento, conduzido pelo juiz Dr. Jefferson Schneider.

Os advogados do Conselho Indigenista Missionário informaram que a acusação deve recorrer da sentença que inocenta Ronaldo Antônio Osmar ao TRF da 1ª. Região, em Brasília.

Em uma semana

Em 6 de novembro será instalado o segundo júri relacionado ao caso, que terá como réu José Vicente da Silva, acusado de ter participado do crime como pistoleiro. Os julgamentos foram desmembrados em 24 de outubro, dia em que iniciou-se o júri concluído hoje, a pedido da defesa. Para a advogada Michael Mary Nolan, esta decisão sobre a ocorrência de homicídio deixa um pouco mais simples o próximo julgamento.