Concentração de terra impede acesso de alimentos aos brasileiros

Mais de 14 milhões de pessoas estavam malnutridas em 2003 no país. Em 13 anos, saíram somente 4 milhões de pessoas dessa condição. É o que diz o relatório “O estado da insegurança alimentar 2006”, que se refere ao período de 2001-2003, apresentado ontem pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação).

A FAO elogia os programas do governo Lula, como o Fome Zero e o Bolsa Família, mas ressalta que a concentração de terra no Brasil ainda impede o acesso aos alimentos pela população. Segundo a entidade, de 1992 a 2003, a fome no território brasileiro caiu de 12% para 8%.

O país tem alimentos suficientes para alimentar a população, de acordo com a FAO, mas o acesso ainda é prejudicado diante da desigualdade social e da má distribuição de terras. “Os indicadores sociais estão melhorando, mas o País ainda enfrenta a pobreza perversa e a insegurança alimentar entre os mais pobres”, diz o relatório.

Mundo

Em relação ao mundo, a FAO advertiu que a redução da fome no mundo está estagnada. O relatório “O estado da insegurança alimentar 2006”, que se refere ao período de 2001-2003, revela que 854 milhões de pessoas passam fome de forma crônica no mundo.

Dos 854 milhões de famintos que há no mundo, 820 milhões vivem em países em desenvolvimento, 25 milhões são dos países da antiga União Soviética e 9 milhões vivem nas nações mais ricas.

Desde 1996, o número mantém nos mesmos níveis, quando foi realizada a Cúpula Mundial da Alimentação, em Roma. Nesse reunião, dez anos atrás, os líderes de diversos países se comprometeram a reduzir pela metade o número de pessoas com fome crônica até 2015.

Para alcançar a meta, de acordo com a FAO, é preciso “uma forte aceleração da taxa de redução da proporção de pessoas desnutridas”. Cerca de 31 milhões de pessoas ao ano deveria deixar a condição de subnutridas para chegar na meta. Atualmente, há um aumento de 4 milhões de famintos por ano.

Na América Latina, havia 52 milhões de pessoas em situação de fome crônica entre 2001-2003, e 59 milhões entre 1990-1992. Isso significa que a região tem aproximadamente 6% dos subnutridos do mundo em desenvolvimento e 11% dos que existem no mundo todo.

Na África, o número de subnutridos aumentou. Na África Subsaariana, foi de 169 milhões para 206 milhões de pessoas em situação de fome.