Para integrante do Consea, agronegócio é péssima opção
Por Gisele Barbieri
Da Agência Notícias do Planalto
A agricultura familiar, baseada no desenvolvimento sustentável, é responsável por grande parte dos alimentos que estão na mesa dos brasileiros. Segundo dados do governo federal cerca de 60% dos alimentos consumidos pela população brasileira e em torno de 37% do valor bruto da produção agropecuária no Brasil, são resultados desta forma de cultivo.
Para que a agricultura familiar seja adotada como principal alternativa para a solução de problemas como a fome, é preciso que ela receba tantos investimentos quanto recebe a produção voltada para exportação, conhecida como agronegócio. É o que explica Adriano Martins, integrante do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), órgão ligado ao governo federal.
“Existe uma escolha de sustentar a produção agrícola e agropecuária na exportação. Essa produção, se você incluir no custo final, o custo ambiental do que foi desmatado, da água utilizada para a produção, percebe-se que é um péssimo negócio para o país.”
O agronegócio leva grande parte do lucro obtido no Brasil para fora do país, por meio de empresas que exportam grãos como a Cargill e Bunge. Esta exportação acaba desvalorizando a produção agrícola do país e enfraquecendo a agricultura familiar. Para Adriano Martins, é necessário um processo de transição para modificar esta matriz produtiva voltada para este modelo.
“A solução agora chega perto daquela idéia de inversão de prioridades. Se temos um setor da economia e da produção que emprega mais, que convive melhor com os ambientes naturais, que é poupador e produz aquilo que é prioritário, que é o alimento de boa qualidade, esse deve receber mais incentivo do que outras formas de produção”.