MST faz duas ocupações de terra no Pontal do Paranapanema

Um grupo de 170 famílias do MST ocupou duas fazendas na região do Pontal do Paranapanema, nesta madrugada (10/11), que já foram adquiridas pelos órgãos de reforma agrária e não foram destinadas aos acampados na região.

Em Rosana, cerca de 100 famílias entraram na fazenda Porto Maria, que conta com uma área de 1700 hectares, que já foi classificada como devoluta pelo Itesp (Instituto de Terras de São Paulo). Por isso, a fazenda foi arrecadada há dois anos pelo estado de São Paulo para fins de reforma agrária.

Depois disso, 500 hectares foram repassados ao fazendeiro Miro Conti, que alegou ter adquirido as terras durante o processo de arrecadação do grileiro, que vendeu uma fazenda por um preço baixo sem qualuqer comprovação da posse. “Não dá para aceitar que um oportunista fique com as terras que já foram consideradas devolutas”, disse o integrante da coordenação estadual do MST, Valmir Ulisses Sebastião.

Para denunciar a situação, os trabalhadores que estavam acampados na frente da fazenda fizeram a ocupação para denunciar a demora de dois anos do Itesp. O MST reivindica a retomada dos 500 hectares, a melhor parte da fazenda, e o assentamento imediato das 175 famílias Sem Terra que estão nos outros 1200 hectares, onde só receberão o lote 41 famílias.

No município de Rancharia, 70 famílias ocuparam a fazenda Aprumado, de 500 hectares. As terras já foram negociadas pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e a criação do assentamento depende somente de acertos relacionados ao pagamento dos TDA (Títulos da Dívida Agrária). O MST cobra agilidade do órgão federal para que o assentamento seja efetivado o mais rápido possível.

Conflito

Após a ocupação na na fazenda Porto Maria, as famílias Sem Terra encontraram três espingardas na fazenda do grileiro Miro Conti, utilizadas por pistoleiros da região para perseguir trabalhadores sem-terra. As armas foram entregues à polícia hoje. Um jagunço e um funcionário do fazendeiro prestaram depoimento na polícia e logo depois foram liberados. Os lavradores temem que as armas caiam novamente nas mãos de pistoleiros.

Na terça-feira (07/11), a polícia de Rosana fez uma busca no acampamento do MST, montado na frente à fazenda em Rosana, por conta de denúncia de porte de armas. Nenhuma arma foi encontrada com as famílias.

O Pontal do Paranapanema, localizado no extremo-oeste de São Paulo, é a segunda região mais pobre do Estado e conta com 1300 famílias acampadas embaixo de barracos de lona.

A estrutura fundiária da região está baseada em latifúndios em terras devolutas, que pertencem ao poder público e estão sendo usadas ilegalmente para fins particulares, que de acordo com a legislação devem ser transformadas em assentamentos da Reforma Agrária.