Sem-terra marcham para exigir Reforma Agrária na Bolívia
Desde 31 de outubro, o Movimento Sem-terra da Bolívia está em marcha para reivindicar suas terras originais. Formado majoritariamente por indígenas, eles caminham junto com outros movimentos sociais em direção à capital La Paz para acompanhar a votação da modificação da Lei Inra (Instituto Nacional de Reforma Agrária), vigente desde 1996.
“Estamos marchando desde Santa Cruz para reivindicar nosso direito à terra e ao território até que a lei seja aprovada. Estamos reunidos como povos indígenas e originários da Bolívia desde o Oriente até o Ocidente”, afirma Silvério Vera, coordenador do movimento. Essa é a quinta marcha nacional à sede do governo.
Outras duas marchas, uma saída dos Andes bolivianos e outra do centro do país também seguem para a capital.
Segundo Vera, até agora já foram registradas duas mortes e nove feridos depois de um atentado organizado por milícias dos fazendeiros. “Os latifundiários, os traficantes de terra e os narcotraficantes querem sumir conosco porque não respeitam nosso direito à terra”, diz o coordenador do MST da Bolívia.
Os sem-terra começaram a ser assentados pelo presidente Evo Morales esse ano. Em 20 de outubro, eles receberam uma área no município de Guarayos el Puente, na província de Santa Cruz. Morales prometeu redistribuir 200 mil quilômetros quadrados – uma área com o dobro do tamanho de Portugal – até o final de seu mandato, em 2011. “Se alguns parlamentares não querem modificar a lei Inra, o povo se levantará para fazer modificar à força”, disse o presidente, na semana passada.
“Nós, os camponeses e os indígenas, decidimos fechar o Parlamento caso a lei não seja aprovada”, relata Vera. A marcha deve chegar a La Paz na próxima segunda-feira (27/11) e se concentrar na praça Heróis de São Francisco, em frente à sede do governo.