Jornada discute papel da educação no Brasil
De 26 a 30 de novembro, o MST do Paraná realiza a 1ª Jornada Estadual de Educação na Reforma Agrária, com o lema “Todas e Todos Sem Terra Estudando”, em Cascavel, no Paraná (PR). Os trabalhadores e as trabalhadoras rurais discutem o papel da educação na consolidação da democracia e na construção do projeto de desenvolvimento para o Brasil.
A abertura oficial do encontro foi realizada no domingo (26/11), com a presença do secretário de Assuntos Comunitários da Prefeitura de Cascavel, Paulo Porto, com o representante da Secretaria de Educação do Paraná, Antenor Martins de Lima, o advogado do MST, Yves Consentino Cordeiro e representantes do setor de educação do MST. Após a abertura aconteceu a apresentação do Grupo de Teatro Tuca, com a peça “A exceção e a regra”, de Bertold Brecht.
Na segunda-feira, o integrante da coordenação nacional do MST, João Pedro Stédile realizou conferência com o tema “Projeto Popular para o Brasil”. Stédile afirmou que é necessário e urgente a criação de um programa de educação do campo para o campo, em parceria com o governo federal. “Queremos que o governo organize esforços para fazermos uma grande campanha nacional contra o analfabetismo. Pela nossa estimativa e do Ministério da Educação, atualmente existem aproximadamente 15 milhões de brasileiros adultos que são analfabetos”, explica.
Stédile denunciou que muitas crianças do meio rural precisam caminhar 20 quilômetros para chegar até a escola. “Por isso queremos que as escolas estejam dentro da comunidade”, disse.
Na, terça-feira o doutor em sociologia e estudos comparados sobre a América Latina e o Caribe e professor do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco, João Francisco de Souza, realizou palestra sobre “O Estudo e a Formação da Consciência”. A especialista em educação do campo e integrante do setor de educação do Paraná, Maria Izabel Grein, falou sobre a educação no MST.
“Somente com estudo a sociedade entende porque ela está na situação que se encontra”, explica Grein. Segundo ela, sem educação as crianças não entendem porque os pais são Sem Terra, “porque no Brasil, maior país com área agricultável no mundo não tem área para sua família tirar seu sustento e seus alimentos”.
A Jornada reúne cerca três mil participantes entre educadores e educandos dos assentamentos e acampamentos, do EJA (Educação de Jovens de Adultos), do ensino fundamental médio, cursos técnicos e superiores, estudantes e professores da rede pública de Cascavel e professores que apóiam os movimentos sociais.
Estão sendo realizados debates sobre a importância do estudo e da escolarização na luta pela Reforma Agrária, o papel da educação do campo e a atuação do setor de educação do Movimento na escolarização dos trabalhadores Sem Terra. A jornada atua também como elemento de motivação para agricultores estudarem.
“O Movimento chegou a conclusão que para implementar um processo de Reforma Agrária com mais qualidade, onde as famílias possam melhorar a qualidade de vida, é preciso elevar a escolarização dos trabalhadores”, acredita Grein.
“A educação tem um papel fundamental na emancipação do ser humano, não só como escola, mas como formação humana do sujeito Sem Terra, que acontece em todos os espaços de luta”, ensina o coordenador do setor de educação do MST-PR, Alessandro Santos Mariano.
Segundo Márcio José Barbosa, do acampamento Casa Nova de Cascavel, que está participando da atividade, o encontro é importante pela possibilidade de adquirir novos conhecimentos com os debates em torno da educação. “A educação é um direito que sempre foi negado aos trabalhadores, que agora estão tendo esta oportunidade”, argumenta.
Na atividade, aproximadamente 300 jovens e adultos vão receber a certificação da Secretaria de Educação de Rio Bonito do Iguaçu pela participação no projeto Brasil Alfabetizado, realizado em parceria com o Ministério da Educação.
Será lançado também o 6º Concurso Nacional de Arte-Educação do MST, que pretende debater a importância da escola como espaço de transformação rumo à libertação do ser humano e fortalecer a participação das famílias Sem Terra nas escolas do Movimento.