Integração energética da América do Sul é tema de Cúpula
Por Solange Engelmann
Fonte Minga Informativa
A necessidade de criação de um plano energético que permita o acesso de toda a população sul-americana à energia elétrica norteou a discussão do eixo temático sobre a integração energética na Cúpula Social pela Integração dos Povos. O encontro, realizado em Cochabamba, na Bolívia, terminou no sábado (09/12).
Os movimentos sociais e entidades da sociedade civil apresentaram propostas construídas pela Aliança Social Continental para Comunidade Sul Americana de Nações e aprofundadas durante a discussão da temática energética. O documento exige que a energia seja um bem comum incluído como direitos humanos dos povos, não servindo como mercadoria para grandes empresas. “O desenvolvimento energético sustentável supõe o respeito dos direitos das comunidades e o combate ao consumo excessivo de energia”, exige.
Ainda segundo o documento a integração energética da América do Sul deve ser desenvolvida a partir do fortalecimento das empresas estatais e da nacionalização dos recursos estratégicos, revertendo a renda em desenvolvimento sustentável.
Márcio Zimmermam, secretario de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia do Brasil, o único representante oficial na mesa, afirmou que o governo brasileiro criou um plano nacional para levar energia elétrica a toda a população até 2008, com objetivo de resolver o problema e resgatar o equilíbrio entre as regiões.
Para o integrante da CPT (Comissão Pastoral da Terra), Placido Junior do Brasil, o discurso de Zimmermam é o mesmo das transnacionais, pois o país privilegia a produção de energia em massa, dando subsídio as grandes empresas, enquanto muitas comunidades pobres não têm acesso à energia elétrica. “Os projetos energéticos devem ser discutidos com os movimentos sociais”, exige.
Durante o debate os participantes da Cumbre chegaram a um consenso que se não houver participação da sociedade e dos movimentos sociais nessa área não é possível promover integração energética na América Latina. “Temos que discutir que tipo de integração que queremos, pois isto está vinculado ao desenvolvimento dos países”, acredita Fernando Berasain, secretário técnico da Comissão de Energia da Coordenadoria Central de Sindicais do Cone Sul.
Petrobras se comporta como multinacional na Bolívia
Para Geraldo Garcia, ativista boliviano, a integração energética é de interesse de toda América Latina. A iniciativa do governo Evo Morales de nacionalizar as reservas de gás é importante para recuperar os recursos naturais, garante. “Graças ao governo, nosso povo também vai se beneficiar da exploração do gás. Estes recursos estão sendo investidos em programas sociais para o desenvolvimento da Bolívia e dos países vizinhos”, conta.
Garcia acusa a Petrobrás de se comportar como uma multinacional no país. “A Petrobrás estava saqueando nossos recursos naturais desde os governos anteriores. Ela não investiu em descobrimento de novos campos petroleiros, só levou o lucro embora”. Antes as que transnacionais petroleiras estão em território boliviano deixavam no país apenas 18% do lucro, ficando com 82%, mas com a nacionalização do gás e os novos contratos. Agora, este cenário foi invertido.