No MS, acampados seguem com protestos em rodovias para pressionar governo

Cerca de 2.100 trabalhadores e trabalhadoras rurais do MST e de outros movimentos sociais do campo continuam hoje os protestos em quatro rodovias no Mato Grosso Sul para pressionar o governo federal a comprar as fazendas Santo Antônio e Caburí, de propriedade do grupo Bertin, em Itaquiraí, no sul do estado.

O território contínuo, de 32 mil hectares, é exigido pelo trabalhadores rurais desde 1996, quando começam as ocupações. O Incra (Instituto Nacional de Reforma Agrária) e o MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) prometeram a compra da área para o assentamento de 1.700 famílias acampadas na região. O Incra continuou apoiando a compra das terras, mas o Ministério barrou a operação.

Em Brasília, uma comissão das famílias sem-terra se reúne à tarde com MDA e com o Incra. Também participa da audiência o general Jorge Armando Félix, do Gabinete de Segurança Institucional, que precisa autorizar a compra. O território abrange uma área de fronteira e a criação do assentamento precisa da autorização do general.

Mais de mil trabalhadores e trabalhadoras protestam na MS-487, em Itaquiraí, em frente a fazenda Santo Antônio; 500 estão na BR-163, também nas proximidades da divisa com o Paraná; 200 na MS-060, entre Sidrolândia e Nioaque, e 400 na BR-262, em Campo Grande.

O MST exige que o governo federal cumpra o compromisso de fazer a reforma agrária na área dos complexos. Os protestos devem continuar caso o governo federal não resolva os problemas das famílias sem-terra.

Só o MST tem mais de 3.500 famílias acampadas no Mato Grosso do Sul, das quais duas mil vivem na região sul. Os acampamentos contam com trabalhadores rurais vivendo entre seis a 10 anos embaixo da lona preta, na luta pela Reforma Agrária. A meta de assentamentos no estado é 2.200 famílias, mas até agora apenas 70 famílias receberam seus lotes neste ano.