MST espera a desapropriação da Southall
Por Raquel Casiraghi
Fonte Agência Chasque
A disputa pela fazenda Southall, em São Gabriel (RS), voltou a mobilizar trabalhadores Sem Terra e ruralistas na região. Desde sexta-feira, cerca de 400 famílias ligadas ao MST estão acampadas a um quilômetro da fazenda. A área, cedida por um agricultor familiar, é maior do que o terreno dentro da cidade em que os Sem Terra estavam alojados até então, o que motivou a mudarem de local.
Irma Ostroski, da coordenação estadual do MST, relata que além da melhoria na estrutura física, as famílias decidiram se mudar para ficarem mais perto da fazenda e pressionarem por sua desapropriação. O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) vistoriou a área em dezembro passado e deve divulgar o resultado do laudo no final de janeiro.
“A gente pode ficar próximo da fazenda aguardando o processo de desapropriação da área. O que foi negociado com o superintendente do Incra é que, ainda nesse mês de janeiro, o Incra estaria enviando para Brasília o pedido de desapropriação. Então, a nossa intenção é permanecer no local e esperar a ação do Incra. Se o Instituto não enviar o processo até o final do mês, vamos pressionar para que isso seja feito o mais rápido”, diz Irma.
Segundo ela, o pedido de desapropriação do Incra deve ser feito por interesse social, afirmação que já havia sido feita por Mozart Dietrich, superintendente regional do órgão. Isso porque o proprietário da área, Alfredo Southall, possui dívidas de aproximadamente R$ 48 milhões com a União, e parte delas está em processo de execução pelo Tesouro Nacional. Mesmo com as dívidas, a empresa Aracruz Celulose comprou parte da terra no ano passado a fim de expandir a monocultura de eucalipto na região.
Já Tarso Teixeira, presidente do Sindicato Rural de São Gabriel, tem uma expectativa oposta à dos Sem Terra. O dirigente não acredita na desapropriação da fazenda Southall, que segundo ele cumpre com os índices de produtividade exigidos por lei. O dirigente rechaça a possibilidade da desapriação da fazenda por interesse social e afirma que os ruralistas estarão mobilizados caso o Incra queira efetuar a ação.
“Nós somos contra a vistoria. Nenhuma atividade econômica tem prejuízo, todas elas produzem. Cobrar da propriedade rural função social é pura retórica para conseguir garantir apoio político porque os segmentos industriais e do comércio não são cobrados. Agora o produtor rural, que é uma atividade em que 10 anos o custo é maior do que os preços pelo que são vendidos, é cobrado por isso”, afirmou.
Nessa terça-feira o Incra deve iniciar a vistoria da fazenda Mascarenhas, outra área reivindicada pelo MST para Reforma Agrária, em São Gabriel. Tarso afirma que os proprietários de terra da região também irão se organizar contra a possibilidade de desapropriação da área.