Pistoleiros despejam Sem Terra no Paraná

Hoje, por volta das 5 da madrugada, cerca da 40 pistoleiros armados e encapuzados invadiram o acampamento do MST na fazenda 3J, em Guaravera distrito de Londrina. A fazenda, que pertence ao ex-deputado federal José Janene (PP-PR), tem cerca de 144 hectares e foi ocupada em 15 de setembro do ano passado, por cerca de 200 famílias do Movimento.

Os pistoleiros chegaram atirando e expulsaram os Sem Terra, que foram impedidos de levar seus pertences e deixados na cidade de Tamarana. O trabalhador João Batista continua desaparecido até o momento. Segundo as famílias, quem comandou a operação foi o pistoleiro conhecido como
“Jairzão”.

O acampamento denuncia o desvio de dinheiro público para o acúmulo de patrimônio e especulação imobiliária. Antes da eleição para deputado em 2002, José Janene estava falido e suas empresas declararam rendimento zero à Receita Federal. Entre 2003 e 2004, o parlamentar e sua mulher
adquiriram 11 fazendas no Paraná. Janene foi acusado de ser beneficiário de R$ 4,1 milhões do esquema do “mensalão” e também é réu em 13 ações civis públicas na Justiça paranaense. No entanto, no dia 6 de dezembro de 2006, o plenário da Câmara dos Deputados absolveu o
deputado da cassação.

Os Sem terra exigem que as fazendas de Janene, adquiridas por meio da corrupção, sejam destinadas à Reforma Agrária e que o dinheiro desviado seja devolvido aos cofres públicos.

Não é a primeira vez que milícias agridem as famílias acampadas na fazenda 3J. Em outubro do ano passado a Organização Não Governamental Terra de Direitos, enviou ofício à Ouvidoria Agrária Nacional e à Secretaria de Segurança Pública do Paraná, denunciando as agressões e ameaças que os Sem Terra vinham sofrendo dos pistoleiros de Janene. Em resposta a Sesp afirmou que em 25 e 26 de outubro foi realizada uma diligência na fazenda e não foi constatada a presença de milícia armada no local.

O MST e a Terra de Direitos estão elaborando outra denúncia à Ouvidoria Agrária Nacional e a Sesp para denunciar o despejo e a existência de milícia armada no local, além de comunicar a Relatoria de Despejos Forçados da ONU.