Sem Terra ocupam fazenda devoluta no DF

Mais de 600 famílias do MST, que foram alvo de ação violenta da Polícia Militar na semana passada, ocuparam a fazenda devoluta Toca da Raposa, em Planaltina, no Distrito Federal (a 30 km de Brasília), na madrugada desta segunda-feira (29/01), para pedir a arrecadação da área e a aceleração do processo de Reforma Agrária no estado.

A propriedade tem 1.200 hectares e fica na rodovia BR-020, que liga o DF à Bahia. É a terceira ocupação de trabalhadores rurais na fazenda nos últimos três anos. “É um enorme latifúndio para os padrões da região”, disse o integrante do MST, Flávio Silva.

O latifundiário tentou comprovar a posse de parte da fazenda, mas a documentação apresentada foi considerada inválida pelos institutos responsáveis pelo levantamento da documentação. A outra parte pertence ao órgão que gerencia as terras públicas do estado.

Os agricultores vão permanecer na fazenda até que as terras, que pertencem ao poder público e estão sendo usadas ilegalmente pelo grileiro Mario Zinatto, sejam retomadas e destinadas à Reforma Agrária.

O MST pede audiência com o governador do DF, José Roberto Arruda (PFL), para discutir a arrecadação das terras e a criação de um assentamento de trabalhadores rurais. Há mais de dois anos cerca de 80 famílias estão acampadas em frente à fazenda nas margens da rodovia.

“A pauta de negociação com Incra não avançou em nada na reunião que fizemos na semana passada. Por isso, os trabalhadores seguem mobilizados”, disse Silva. Nos últimos três anos, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) não assentou nenhuma família do MST na região. Mais de 2.000 famílias estão acampadas no DF.

Contexto

As famílias do MST que fizeram a ocupação em Planaltina foram atacadas por 80 policiais militares, que invadiram de forma violenta acampamento na Fazenda Sete Rios, no município de Flores de Goiás (distrito de Santa Maria), em Goiás, na sexta-feira (26/01).

Os policiais chegaram em 13 viaturas, arrastaram o portão e atiraram para todos os lados. Os homens, mulheres e crianças foram surpreendidos e tentaram fugir da violência policial.

O batalhão da PM não tinha mandato judicial para despejar as famílias nessa área. Depois da chegada de advogados, Ouvidoria Agrária, superintendência regional do (Incra Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e assessores de parlamentares estaduais, os sem-terra foram liberados.

Os lavradores estavam desde sábado (21/01) na fazenda Ilha Bela e saíram para evitar confrontos com a polícia com a ordem de despejo. O MST pede também a desapropriação dessa área, de aproximadamente 3.700 hectares, que está abandonada e improdutiva.