Apesar de camuflada, violência no Pará cresce por causa da impunidade

Gisele Barbieri
Agência Notícias do Planalto

“Enquanto os mandantes não sentarem no banco dos réus, a família Stang promete voltar a Belém (PA) quantas vezes forem necessárias”. Esta foi a declaração de David Stang, irmão da freira Dorothy Stang, assassinada há dois anos na região de Anapú, no Pará, com seis tiros disparados por pistoleiros. A missionária estadunidense naturalizada brasileira era grande apoiadora dos trabalhadores rurais na luta pela terra, o que contrariou os interesses dos fazendeiros da Região Amazônica.

No Pará, vários protestos pediram o fim da impunidade no caso que completou dois anos ontem, dia12. Considerado um dos estados com os maiores índices de assassinatos resultantes de conflitos agrários, a violência, apesar de mais velada, cresce no Pará por causa da impunidade. É o que explica a advogada da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Rosilene do Socorro Silva, que também é assistente de acusação no caso da missionária.

“A violência no campo a partir da morte da Dorothy não é que ela tenha diminuído ela ficou mais camuflada. Não houve uma transformação de concepção e de respeito ao trabalhador rural, à reforma agrária e à posse da terra. Hoje a gente se depara com situações mais veladas, não tanto de morte, mas de violência, agressão e despejos forçados.”

No aniversário da morte de Dorothy Stang, os movimentos sociais entregaram um documento denunciando a violência no campo para a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT). Os manifestantes exigem ainda o julgamento dos fazendeiros Vitalmiro Bastos de Moura e Regivaldo Pereira Galvão, acusados de serem os mandantes do crime. Até agora somente dois homens foram julgados e condenados pela Justiça por terem efetuado os disparos contra a missionária.