Rigoberta Menchú concorrerá à presidência da Guatemala
Agência Carta Maior
A dirigente indígena guatemalteca e prêmio Nobel da Paz de 1992, Rigoberta Menchú, anunciou que será candidata nas próximas eleições presidenciais, marcadas para setembro deste ano. Menchú se apresentará como candidata da agremiação política Encontro por Guatemala, que concluiu uma negociação de mais de quatro semanas com o movimento social liderado por ela, o Winaq. Nesse período, ela também descartou lançar candidatura pela Unidade Revolucionária Nacional Guatemalteca.
“Sou uma mulher de paz, devemos entender que os extremos matam ilusões e eu estou aqui com humildade”, expressou a dirigente indígena ao comentar sua candidatura. Menchú se torna, assim, a primeira mulher indígena que concorre à presidência da Guatemala, e deverá renunciar ao cargo que ocupa desde 2004, como Embaixadora da Unesco do governo do presidente Oscar Berger.
Nineth Montenegro, representante da agremiação Encontro por Guatemala, afirma que Menchú será apresentada oficialmente como candidata à presidência no dia 22 de março, data em que ocorrerá uma assembléia geral e o Encontro por Guatemala será formalizado como um partido político.
Os analistas políticos qualificaram como “positiva” a aceitação de Menchú, de 48 anos. José Carlos Sanabria comentou que com esta notícia, a Guatemala superará uma tríplice desigualdade, pois a candidata “é mulher, é indígena e representa os habitantes da área rural”. O atual processo de eleição da Guatemala deve contar com a participação de ao menos 19 partidos políticos.
Segundo a enciclopédia ‘Latinoamericana’ (Boitempo, 2006), Rigoberta Menchú nasceu em 1959 na aldeia Chimel. Líder indígena, cuja família foi dizimada por governos militares de “fachada democrática” entre os 70 e 80, Menchú partiu para o exílio em 1981. Quatro anos depois, em Paris, publicou seus depoimentos em “Me chamo Rigoberta Menchú e assim nasceu minha consciência”.
Graças a seu trabalho militante, recebeu reconhecimento mundial e vários doutorados honoris causa. Seu desafio será enorme, tanto quanto o é a desigualdade social na Guatemala, um país de 12,6 milhões de habitantes com 28,2% de analfabetismo (2005), renda per capita de US$ 1,5 mil e localizado na 117ª posição no IDH mundial.