Para Lula, taxa sobre etanol brasileiro não tem sentido
Carolina Pimentel
Agência Brasil
A redução dos impostos cobrados pelos Estados Unidos sobre o álcool combustível (etanol) brasileiro será um dos temas do encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush na próxima sexta-feira, dia 9, em São Paulo.
“Se é para ter livre comércio, vamos ter livre comércio para que a gente tenha oportunidade de vender e de comprar. Não tem sentido a alta taxa que os Estados Unidos impõem ao álcool brasileiro”, afirmou hoje, dia 5, Lula, no programa de rádio Café com o Presidente.
Ao exportar etanol para os Estados Unidos, os produtores brasileiros têm de pagar US$ 0,54 por galão, o equivalente a R$ 0,30 por litro, e mais imposto de 2,5%, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que reúne os maiores produtores de álcool combustível do centro-sul do país. Na semana passada, os usineiros pediram ao presidente Lula que negocie com o governo norte-americano a redução das taxas.
Já o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, informou que o governo brasileiro quer aproveitar a demanda dos Estados Unidos por biocombustível para negociar uma cota livre de tributos de exportação.
Conforme dados da Unica, Brasil e Estados Unidos são responsáveis por 70% da produção mundial de etanol. Os norte-americanos produzem o combustível a partir do milho, mais caro, e os brasileiros, de cana-de-açúcar. Dos 3,5 bilhões de litros de etanol exportados pelo Brasil no ano passado, 2 bilhões foram para os Estados Unidos. A produção total brasileira é de 18 bilhões de litros anuais.
“Quando os Estados Unidos tiram o milho do mercado de ração para produzir álcool, o álcool fica caro e o milho também fica caro”, explicou o presidente.
No programa de rádio, Lula destacou que a produção de combustível alternativo, como álcool e biodiesel, gera emprego no Brasil, poderá ajudar no desenvolvimento de países pobres da África e da América Central, além de contribuir para a diminuição do aquecimento global.
“Quanto menos poluição, melhor para todo mundo. Eu penso que os Estados Unidos precisam conhecer a fundo a tecnologia brasileira na produção de etanol. Acho que eles têm de conhecer a fundo os programas de biodiesel que nós estamos introduzindo no Brasil. Todo mundo está acompanhando com muita preocupação o aquecimento do planeta”, afirmou.