Sexualização na mídia causa distúrbios mentais em meninas

Bruno Zornitta
NPC

A sexualização na mídia afeta o desenvolvimento de garotas adolescentes e pode levar à perda de auto-estima, depressão e anorexia. É o que sustenta um relatório da Associação Americana de Psicologia, divulgado no último dia 19 de fevereiro.

De acordo com a entidade, a sexualização ocorre quando uma pessoa é vista como um objeto sexual ou valorizada apenas por seu apelo ou comportamento sexual. Essa disfunção pode ser observada hoje em praticamente todos os meios — revistas, jornais, filmes, videogames, internet e televisões — não só nos Estados Unidos mas também no Brasil.

O relatório cita o exemplo de um comercial em que a cantora Christina Aguilera aparece vestida com um uniforme escolar com a camisa desabotoada e lambendo um pirulito. Aqui no Brasil, não seria exagero classificar a apresentadora Xuxa como um ícone da sexualização na mídia.

“Nós temos amplas evidências para concluir que essa sexualização tem efeitos negativos em uma série de áreas, incluindo o funcionamento cognitivo e físico, a saúde mental e o desenvolvimento sexual saudável”, declarou a professora de psicologia da Universidade da Califórnia, Eileen L. Zurbriggen, que participou da elaboração do relatório, à reportagem da BBC Brasil.

Controle social

O debate traz à tona a questão da responsabilidade social dos meios de comunicação, especialmente dos canais de televisão, que são concessões públicas. Hoje, não existe mecanismo de controle social sobre o conteúdo veiculado pelas emissoras brasileiras.

Historicamente, a pressão dos movimentos sociais para implantação de medidas nesse sentido tem sido sempre classificada como “tentativa de censura” pelos coronéis da mídia. Não obstante, a campanha “Quem Financia a Baixaria é contra a Cidadania”, da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, vem realizando um excelente trabalho desde 2002, denunciando abusos cometidos pelas TVs.

A 12ª Sistematização de Denúncias, referente ao período entre maio e novembro de 2006, apresenta as novelas Cobras & Lagartos e Páginas da Vida, da Rede Globo, no topo do ranking da baixaria, com denúncias sobre cenas de sexo, nudez, baixaria, apelo sexual, obscenidades, violência e discriminação.