Cortadores de cana fazem paralisação no interior de SP

atualizada às 14h40

Mais de 350 trabalhadores da Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp) paralisaram hoje, dia 7, suas atividades na Usina São Martim, município de Pradópolis, interior de São Paulo. Eles reivindicam melhores salários e melhoria das condições de trabalho.

As manifestações começaram ontem, dia 6, com a paralisação de cerca de 200 pessoas. Hoje os protestos se estenderam para outras usinas da região. Dirigentes da Feraesp, sindicatos locais e trabalhadores estiveram em negociação hoje pela manhã na Usina São Carlo, município de Jaboticabal e na Usina Bonfim, município de Guariba. A direção da usina São Martim está se negando as sentar para negociar com os trabalhadores.

“Nós estamos lutando por melhores salários, mas também por melhores condições de trabalho e por respeito aos trabalhadores”, afirmou Miguel Ferreira dos Santos, dirigente da Feraesp. Segundo ele, os trabalhadores que trabalham por produção estão conseguindo, no máximo, chegar ao valor do piso salarial. “Os trabalhadores se esforçam mais nas empreitadas, mas acabam ganhando menos”, disse.

Atualmente o piso salarial da São Martinho é de R$ 451,00. Além de reajuste do piso os trabalhadores querem melhorias no pagamento por empreitada. No plantio de cana por empreitada, os trabalhadores estão ganhando R$ 18,00 nas usinas São Carlo, Bonfim e São Martim, quando o valor da diária é de R$ 27,00 a R$ 28,00, em média.

Os sindicatos também denunciam que na Usina Bonfim, foi verificado a exploração excessiva dos trabalhadores. De acordo com Valdeci da Mata, do Sindicato dos Empregados Rurais de Jabuticabal, uma inspeção realizada na tarde de terça-feira, dia 6, constatou que os caminhões que levam a cana-de-açúcar, deixam no meio do caminho os feixes, tendo os trabalhadores que carregá-los por quilômetros até o local do plantio. E na fazenda São José, município de Barretos, cerca de 230 trabalhadores estão sem equipamento de segurança e sem registro.

Em 2004, 17 cortadores de cana morreram no estado de São Paulo, por excesso de trabalho. Cada trabalhador corta em média, 12 toneladas de cana por dia. Tanto o sindicato quanto a Feraesp já encaminharam as denúncias à Procuradoria de Ribeirão Preto e a Delegacia Regional do Trabalho.

Mulheres na Luta

Na madrugada desta quarta-feira, dia 7, mais de 900 mulheres da Via Campesina ocuparam a área da usina Cevasa, no município de Patrocínio Paulista, interior de São Paulo. A usina Cevasa, a maior do Brasil, teve parte de seu capital vendido recentemente para a transnacional Cargill, líder do agronegócio mundial. A ocupação faz parte da jornada de lutas nacional das mulheres da Via Campesina, sob o lema é “Mulheres Camponesas na Luta por Soberania Alimentar e contra o Agronegócio”.

A região de Ribeirão Preto foi escolhida, pois simboliza a expansão do latifúndio da cana-de-açúcar, modelo calcado na superexploração de lavradores e lavradoras – mais de 15 trabalhadores morreram de exaustão nas lavouras desde 2004 – e na destruição do meio ambiente.

Para da Mata, do Sindicato de Jaboticabal, esse é um momento importante de luta dos trabalhadores contra a exploração e é necessária a participação das mulheres nesse processo. “As mulheres despertaram para a construção de um mundo melhor. Elas se tornaram independentes, encampam a luta dos trabalhadores e estão conquistando cada dia mais vitórias. Nós apoiamos a ação das mulheres na Cargill. É muito bom contar com elas nessas lutas”, concluiu.