MST promete resistir diante do BNDES, no Rio de Janeiro

“Só saímos quando o presidente nos receber”. A voz geral no ato da Via Campesina e do MST ecoa pelo saguão da sede do BNDES, no Rio de Janeiro. As camponesas denunciam as agressões ao meio ambiente provocadas por empresas financiadas com recursos do BNDES e pedem investimentos nas áreas de Reforma Agrária e na agricultura familiar.

As cerca de 100 mulheres chegaram ao banco por volta das 11h30 e prometem resistir no local até serem recebidas. O presidente Demian Fiocca, que está no prédio, não quer receber as trabalhadoras rurais e negocia para que o diretor da Área Social do banco, Élvio Gaspar, converse com as Sem Terra.

O BNDES já aplicou R$ 6,86 bilhões no setor de papel e celulose entre 1985 e 2005 e pretende ampliar os repasses para R$11,6 bilhões até 2010. Já a área de biocombustíveis já garantiu R$ 3,3 bilhões e deve ter mais R$ 10 bilhões nos próximos três anos. Já a agricultura familiar não recebe investimentos do banco.

Em 2005, por ocasião da Marcha Nacional pela Reforma Agrária – que reuniu 12 mil pessoas em Brasília – o governo prometeu liberar R$10 milhões em financiamentos do banco e não cumpriu. Os Sem Terra querem que o acordo firmado seja cumprido e que sejam abertas linhas de financiamento desburocratizadas para o público da Reforma Agrária, essencialmente produtores de alimentos saudáveis para o mercado interno.

As mulheres do MST lembram que o agronegócio adota a monocultura em grandes extensões de terra que acabam com a biodiversidade e ainda exploram os trabalhadores. A ação é apoiada pela OAB-RJ, pelo Sindipetro, pela Associação dos Funcionários do BNDES, pela CAMTRA e por estudantes.