Prédio do BNDES é ocupado por mulheres do MST no RJ
Cerca de 150 trabalhadoras rurais, sindicalistas e militantes feministas e trabalhadoras rurais Sem Terra ocuparam na manhã de hoje, dia 7, a sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro. A ação faz parte da Jornada de Luta das Mulheres Camponesas pela Soberania Alimentar e Contra o Agronegócio, promovida pelas mulheres Sem Terra em todo o país. A ocupação ocorreu por volta das 11 horas.
As mulheres denunciam que o banco tem aumentado seus investimentos em energia, principalmente na área de biocombustíveis, em detrimento de uma ação consistente para financiar a agricultura familiar e os assentamentos rurais. “O BNDES financia comida para gado e matéria-prima para papel, mas não investe na produção de alimentos de forma limpa e agroecológica”, afirmou a integrante da direção do MST, Nívia Régis.
Em nota elas afirmam que a ocupação é uma forma de protestar contra o atual modelo de exploração baseado no agronegócio financiado por bancos públicos, em especial o Banco do Brasil e o BNDES. “Por isso, ocupamos este prédio para que este banco se volte para a agricultura familiar”, afirma o documento.
Segundo o documento o BNDS desembolsou em 2005 e 2006 aproximadamente R$ 3,3 bilhões para projetos de plantio de cana-de-açúcar e para a construção de usinas. Até 2012, o banco pretende liberar R$ 10 bilhões para o setor. Para comparar, no ano passado, o Governo federal aplicou o mesmo valor na agricultura familiar, enquanto o agronegócio recebeu R$ 50 bilhões.
As mulheres só pretendem deixar o local após serem recebidas pelo presidente da instituição Demian Fiocca para debater sua pauta de reivindicações que inclui crédito para agroindústrias e subsídio voltado para a produção de alimentos nos assentamentos da Reforma Agrária.
Elas também afirmam que é preciso superar o atual modelo de produção, o que passa pela realização de ampla Reforma Agrária e pela eliminação do latifúndio. Além da luta pela terra as mulheres exigem a construção de um novo modelo, baseado na agricultura camponesa e na agroecologia, com produção diversificada e prioridade para o mercado interno. “Exigimos, além da terra, o respeito ao meio ambiente, à biodiversidade, à educação, à saúde e à alimentação”, concluem.