Trabalhadoras fazem ato na Embaixada dos EUA, no DF

Mulheres trabalhadoras que integram o MST e o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) do Distrito Federal e Entorno, marcharam hoje, dia 8, até a Embaixada dos Estados Unidos, onde realizaram um ato contra a visita do presidente George W. Bush ao Brasil. O ato contou com a apresentação de uma peça teatral da Brigada de Teatro do MST. Cerca de 400 mulheres participam da mobilização que faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres da Via Campesina, que este ano tem como lema “Mulheres na Luta por Soberania Alimentar, contra o Agronegócio”.

Na manhã de hoje, o MMC lançou, no Centro Cultural de Brasília, a Campanha Nacional pela Produção de Alimentos Saudáveis, que tem como lema “Produzir alimentos saudáveis, cuidar da Vida e da Natureza”. O objetivo da Campanha é afirmar o Projeto de Agricultura Camponesa como uma das formas de enfrentar, superar e negar o modelo capitalista e patriarcal no campo que explora e expulsa milhões de camponeses.

Segundo dados oficiais do IBGE, a agricultura camponesa é responsável por 70% da produção de alimento no Brasil, mas, no último ano, recebeu somente R$ 20 bilhões de recursos públicos. Como se não bastasse, apesar deste tipo de atividade ocupar 30% de toda área agricultável, só recebe 23,3% dos financiamentos, embora seja responsável por 37,9% do valor bruto de produção. Além disso, a atividade gera um emprego a cad a 5 hectares de terra, ocupando toda a força de trabalho de um núcleo familiar.

Por outro lado, o agronegócio, a grande responsável pela diminuição da diversidade alimentar brasileira, recebeu cerca de R$ 115 bilhões, ainda em 2005. Ao receber tanto dinheiro, ao invés de melhorar ao menos os hábitos alimentares dos brasileiros, fez justamente o contrário. Se em 1960 comíamos cerca de 35 grãos, hoje a prioridade de consumo é de 5 grãos (trigo, milho, soja, arroz e feijão), que são as grandes monoculturas.

Para a coordenadora nacional do MMC, Justina Cima, a campanha tem uma importância fundamental diante da questão do aquecimento global, da destruição da natureza, da contaminação da terra, da água e do ar. “A problemática toda da pobreza do campo, a própria falta de alimento nos fazem partir para essas reivindicações. Por outro lado, a campanha tem uma importancia muito grande por que se faz o lançamento a partir das experiências concretas das mulheres que estão organizadas em movimento e nós queremos mostrar todo o potencial que as mulheres têm nos pequenos roçados, na horta, além de tudo que contribui na produção de modo geral”, explica.

MMC

Há mais de 20 anos, o MMC foi constituindo um trabalho que integra formação, organização de base e luta. No ano de 2004, no I Congresso Nacional, com 1400 mulheres, após uma caminhada de construção de movimentos de mulheres autônomos nos Estados brasileiros, consolidou-se o Movimento de Mulheres Camponesas do Brasil, articulando a pluralidade das mulheres, respeitando as diferenças e unificando em uma bandeira, a força e a diversidade das camponesas do Brasil.

O Movimento a soma de muitas identidades (quilombolas, indígenas, ribeirinhas, quebradeiras de coco, agricultoras, pescadoras artesanais…) que se unificam e se expressam na produção de alimentos saudáveis, nas relações de trabalho, na ação política e social, pela relação de respeito, apego e cuidado com a natureza e na luta pela libertação das mulheres e transformação da sociedade.

Hoje, há organização em 19 estados do Brasil que têm como missão a libertação das mulheres camponesas que se concretiza nas lutas, na organização, na formação e no trabalho concreto e cotidiano, construindo as mulheres como protagonistas da própria história. Além disso, luta pela nova sociedade baseada nas novas relações sociais entre os seres humanos e destes com a natureza.

O MMC se articula com a Via Campesina, com organizações e entidades de mulheres, de ambientalistas, com redes de debate e práticas agroecológicas, com movimentos, sindicatos e redes de trabalhadores urbanos, com Igrejas e organizações religiosas, tanto de caráter nacional como internacional.