MST repudia ação da policia militar de Pernambuco
O MST em Pernambuco soltou uma nota pública repudiando a ação violenta da polícia militar do estado contra as trabalhadoras rurais Sem Terra durante Ato das Mulheres da Via Campesina, realizado ontem, dia 8 de março, durante marcha pelo Dia Internacional da Mulher.
A violência ocorreu depois que policiais militares invadiram sem nenhuma razão a marcha das mulheres da Via Campesina, que retornavam de um protesto contra os transgênicos na Associação Avícola de Pernambuco (AVIPE). O carro da policia militar chegou por trás da marcha e os policiais já desceram empunhando revolveres em clara atitude de ameaça e agressão aos companheiros Sem Terra que faziam a segurança da marcha.
O protesto na AVIPE havia transcorrido sem nenhum incidente, foi pacífica e se encerrou por volta das 13h. Segundo a nota divulgada pelo MST/PE “a polícia militar do Estado – que possui o maior índice de crimes de violência contra a mulher –, ao invés de exercer sua função de conter esses crimes, contribuiu para aumentar ainda mais esses índices, agredindo física e psicologicamente dezenas de mulheres Sem Terra que participavam de um protesto pacifico. […] A polícia militar de Pernambuco tem historicamente exercido o papel de repressora dos movimentos sociais em suas reivindicações e lutas legitimas.”
Segundo a nota, o argumento de que os policiais militares foram agredidos é completamente inverídico. Dezenas de mulheres Sem Terra foram agredidas violentamente, ameaçadas de morte por policiais que atiravam para todos os lados. Os companheiros Eduardo Vitor da Rocha, Célio Costa Ferreira e Iraílton Pereira de Moraes, foram barbaramente torturados no meio da rua e presos. Uma Sem Terrinha de 5 anos, que acompanhava a mãe no protesto, ficou desaparecida no meio da confusão.
A Secretaria de Defesa Social do estado declarou, em nota, que “Em nenhum momento a Polícia Militar reprimiu ou tentou impedir qualquer tipo de manifestação, muito menos a caminhada realizada pelas mulheres do MST. Entre as orientações transmitidas pelo governador e seguidas à risca pelo comando das instituições policiais do Estado está a de agir com prudência e respeito aos direitos humanos na relação com os movimentos sociais”.
Na nota o MST e a CPT desmentem as declarações dos policiais militares publicadas no Jornal do Comércio na manhã de hoje, dia 9, de que “foram agredidos” e que os Sem Terra tentaram atear fogo em uma viatura policial.
A Via Campesina vai entrar com uma ação judicial contra a policia militar de Pernambuco pela violência e arbitrariedade da ação de ontem.